O Brasil tem 77 casos confirmados de infecção por coronavírus. Na tarde desta quinta-feira (12), o Ministério da Saúde também divulgou que há suspeita de outros 1.422 no país.
O Rio Grande do Sul contabiliza quatro casos confirmados da doença: dois em Porto Alegre, um em Campo Bom e um em Caxias do Sul. Há outros 81 suspeitos. Além disso, 183 foram descartados.
A partir da próxima semana, será concluída a capacitação de laboratórios em todos os Estados para a realização dos exames de confirmação da covid-19.
Na semana que vem, também estarão abertas as inscrições para o programa Mais Médicos direcionado ao combate à disseminação do coronavírus. A expectativa é de que os profissionais estejam trabalhando nos postos de saúde a partir de 7 de abril.
Serão priorizados capitais e grandes centros urbanos. Para a contratação de mais de 5 mil médicos, serão destinados R$ 1,2 bilhão. Quase R$ 1 bilhão será direcionado para cobrir os gastos com a ampliação do horário de atendimento das unidades de saúde.
João Gabbardo dos Reis, secretário-executivo da pasta, comentou que essas ações representam uma mudança de prioridade:
Hoje não discutimos a possibilidade de fazer bloqueios sanitários através de voos, navios, fronteiras secas. Não existe nenhuma orientação do ministério neste sentido. Isto é para sempre? Não sei.
JOÃO GABBARDO DOS REIS
Secretário-executivo do Ministério da Saúde
— Vamos deixar de colocar tanto foco nos números. A nossa preocupação começa a ser a assistência.
Wanderson Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde do ministério, detalhou as medidas que devem ser seguidas para isolamento e eventual quarentena. Portaria publicada nesta quinta-feira (12), com o objetivo de deter a disseminação do vírus, prevê que um indivíduo pode ter de ser isolado, por indicação de um agente da vigilância epidemiológica, enquanto seu caso estiver sob avaliação. O texto regulamenta a lei 13.979, de 2020, que já previa a possibilidade dessas medidas durante a situação de emergência pelo vírus. Faltava, porém, definir como seriam aplicadas.
Agora, a regra define que o isolamento pode ser determinado por meio de prescrição médica ou recomendação de agente de vigilância por 14 dias, podendo chegar a 28 dias, a partir do resultado de exames. A preferência é para que o isolamento seja em casa. A medida, porém, depende do estado clínico do paciente. Casos mais graves devem ficar em isolamento hospitalar. Recusas por parte de pacientes, orientou Wanderson, serão comunicadas às autoridades competentes.
Vimos o que aconteceu na China, mas os italianos não tiveram tempo de fazer isso. Eles foram pegos de surpresa. Nós estamos tendo tempo para planejar um pouco mais, o que nos deixa com uma certa vantagem.
JOÃO GABBARDO DOS REIS
Secretário-executivo do Ministério da Saúde
Gabbardo não quis comentar o exame com resultado positivo do secretário de Comunicação do governo federal, Fábio Wajngarten, que retornou de viagem aos Estados Unidos na companhia do presidente da República, Jair Bolsonaro – o presidente está sendo monitorado.
— Não temos nenhuma informação sobre os exames do Fábio, muito menos do presidente — declarou o secretário-executivo.
Gabbardo abordou a rapidez das mudanças de cenário, o que impede que se tomem atitudes ou que se façam previsões com muita antecedência. Sobre possíveis restrições de movimentação, ele disse que não há orientação sobre isso no momento:
— Hoje não discutimos a possibilidade de fazer bloqueios sanitários através de voos, navios, fronteiras secas. Não existe nenhuma orientação do ministério neste sentido. Isto é para sempre? Não sei.
Após o questionamento de um jornalista, Gabbardo comparou a situação pela qual está passando a Itália com o panorama brasileiro:
— A Itália é um país com 60 milhões de habitantes, muitos idosos, uma área territorial bem menor do que a do Brasil e um bom sistema de saúde. Vimos o que aconteceu na China, mas os italianos não tiveram tempo de fazer isso. Eles foram pegos de surpresa. Nós estamos tendo tempo para planejar um pouco mais, o que nos deixa com uma certa vantagem.