Adoro hotéis. Já escrevi isso aqui neste espaço, há exatos dois anos, quando estava instalado num palácio em Abu Dhabi. Do luxo ao lixo, de seis estrelas cintilantes a uma estrela cariada e sem ponta, desfrutei (ou então enfrentei) aposentos de todas as categorias, ordens e dimensões. Dos menos baratos aos cheios de baratas, em praias ou montanhas, de becos sinistros a avenidas-parque deste mundo, hospedei-me em tudo quanto é canto. Prefiro o luxo, é claro, embora certos estabelecimentos ditos de primeira resvalem no, digamos assim, funk ostentação. E percam pontos.
Adoro meu time, o Grêmio. Creio que nunca escrevi isso aqui neste espaço. Dos píncaros da glória à planície desértica que antecedeu tantos renascimentos épicos, sempre estive ao lado do Imortal Tricolor. Das avalanches da geral ao esnobismo fake dos camarotes, vibrei, xinguei, chorei e soltei o grito de gol em qualquer recanto do(s) estádio(s): os do Grêmio e os dos outros. Prefiro jogar em casa e ficar no meio da massa, é claro, embora às vezes alguns sujeitos ali não percebam que o, digamos, "descontrole" deveria ser só metáfora. E percam pontos.
Agora, imagine o que significa para um sujeito como eu ver duas de suas maiores paixões se unirem. O Grêmio e um hotel! Sim, e é justamente isso que já está acontecendo. Em parceria com uma construtora local e dois grandes grupos hoteleiros, o Grêmio está erguendo seu próprio hotel, como li extasiado em ZH faz uns dias. Ele não só servirá de concentração para os jogadores como terá suítes temáticas, quartos e espaços destinados aos hóspedes-torcedores. E um pub, é claro.
Cabe ressaltar que, ao contrário de uns e outros, o Grêmio sempre teve um lugar para chamar de seu. Adquiriu casa própria já no ano de sua fundação – e pagou caro por ela. Era o Fortim da Baixada, localizado no "matto" Mostardeiro. Depois, mudou-se para o Olímpico – e pagou caro por ele. E, agora, está na Arena – pagando. Sou, aliás, o orgulhoso biógrafo da Arena e, por conta disso, e de outros livros que escrevi sobre o Grêmio, já descrevi em detalhes a história da Baixada e do Olímpico.
Não sei se algum dia escreverei sobre o Moinhos 1903 – como se chama o hotel erguido na Rua Doutor Timóteo, no bairro onde o Grêmio nasceu. Mas sei que me hospedarei várias vezes lá. E para não dizerem que briguei em casa, pretendo levar minha mulher – e espero que tenham suíte nupcial. Afinal, além de viver em lua de mel com ela lá se vão 12 anos, estou casado com o Grêmio há mais de meio século.