A derrota do Grêmio para o Corinthians, por 1 a 0, foi marcada por polêmicas de arbitragem. Não poderia ser diferente. O momento das equipes na tabela de classificação do Brasileirão já seria suficiente para tornar a pressão enorme.
Além disso, o gramado molhado e pesado fez com que a partida tivesse maior incidência de choques e lances ríspidos. Como se não bastasse, o andamento do jogo não ajudou e algumas decisões equivocadas do apito contribuíram para isso.
Houve três erros que acabaram determinando a mudança de rumo na partida, tanto no aspecto técnico quanto disciplinar. Eles ocorreram em dois lances sequenciais e que estão diretamente ligados. Poucos segundos separam o pênalti reclamado pelo Corinthians e o carrinho violento de Bruno Méndez em Besozzi.
O árbitro Rodrigo de Lima estava bem colocado e mandou o lance seguir na grande área do Grêmio. Interpretou que foi normal a disputa entre João Pedro e Matheus Bidu. Discordo da decisão. Considero que o jogador gremista foi imprudente e acabou atropelando o adversário. Esse foi o primeiro erro do juiz. A penalidade deveria ter sido marcada.
O lance entre Bruno Méndez e Besozzi só ocorreu porque o jogo seguiu. Mais uma vez, a decisão tomada no campo não foi correta. O carrinho do jogador do time paulista foi maldoso. Teve alta intensidade, ponto de contato no tornozelo e colocou em risco a integridade física do adversário. Não expulsar no campo foi o segundo erro.
Essas duas jogadas já colocam uma pressão enorme no juiz. Estamos falando de um possível pênalti e um possível vermelho em poucos segundos. Como a arbitragem faz para sair de uma bronca dessas com dois lances capitais embolados e tomar decisões finais que possam vender a convicção da equipe de arbitragem?
Costumo dizer que há momentos em que, por mais que um árbitro tenha acertos, a forma como essas decisões são tomadas e vendidas dentro de campo faz toda diferença.
A partir disso, entra em ação o VAR. Acredito que o árbitro de vídeo Rafael Traci deveria ter interferido sugerindo o cartão vermelho, como ocorreu, mas também deveria ter recomendado a revisão da penalidade.
O juiz principal não poderia abdicar de olhar um lance tão polêmico que ocorreu poucos segundos antes de outro tão importante. O jogo já está parado. O deslocamento no monitor à beira do gramado já ocorreu. Aproveita para olhar os dois lances nem que seja para controlar a temperatura da partida. O protocolo do VAR prevê isso. É algo que deve fazer parte da técnica de arbitragem para um melhor comando disciplinar em tempos de recurso eletrônico.
Minha opinião é de que a melhor decisão final seria a expulsão de Bruno Méndez e a marcação do pênalti de João Pedro em Bidu. Cabe dizer que a marcação da penalidade não anularia o vermelho porque a expulsão foi por uma entrada violenta. Uma infração anterior impactaria somente em caso de uma decisão meramente técnica.
Por fim, acredito que a arbitragem poderia ter mais em mente a prerrogativa de usar o VAR a favor do campo, especialmente em uma reta final de Brasileirão em que as coisas se resolvem nos detalhes.