A derrota por 3 a 2 do Inter contra o Botafogo teve uma atuação terrível da arbitragem. O jogo começou mal e terminou pior. Não estou falando apenas de decisões capitais tomadas por Sávio Pereira Sampaio. Isso porque os equívocos cometidos pelo juiz da Fifa no Beira-Rio vão muito além disso.
Faltou precisão, comando, tranquilidade e até sorte para a equipe de arbitragem. Foi uma noite em que tudo aconteceu. Houve polêmicas e erros até em parte dos acertos. Não lembro de ter acompanhado um jogo tão ruim como esse nos últimos 10 anos.
Como falei demais na transmissão da Rádio Gaúcha, tentarei objetivo no detalhamento dos lances importantes do jogo.
Tudo começou mal com um pênalti mal marcado e uma expulsão equivocada de Philipe Sampaio. Não vejo posição antinatural e qualquer gesto para justificar uma infração do defensor do Botafogo. A bola bate na barriga, muda de trajetória e raspa no braço de maneira acidental e normal.
Era a noite do para-raio das tretas no Beira-Rio. A segunda situação que quero falar diz respeito a um acerto da arbitragem com a interferência do VAR. Falo do pênalti em cima de Wanderson, que foi puxado dentro da área. A infração aconteceu, mas houve impedimento na origem e isso invalida o resto da jogada. O árbitro de vídeo Rafael Traci fez o certo e o juiz principal também. O difícil é explicar isso para os torcedores das duas equipes, que ficam sem entender o motivo para um protocolo que atrasa o jogo com uma perda de tempo desnecessária.
Depois, a arbitragem acertou ao invalidar o gol de Alemão por toque de mão e fez a coisa correta ao anular o gol marcado por Erison por impedimento. Aliás, a partida teve três gols bem anulados que aumentaram muito a tensão contra o juiz.
Já estou antecipando o acerto no lance de Mercado nos acréscimos do segundo tempo. O zagueiro estava impedido, de acordo com a medição feita pelas linhas do VAR. Esse tipo de decisão é indiscutível. O árbitro de vídeo tem ferramentas de análise que ninguém tem.
Por fim, para fechar uma noite em que a arbitragem esteve perdida em campo, as confusões do final do jogo foram um triste capítulo da partida. Aqui quero deixar claro que não estou passando pano para a responsabilidade dos jogadores. Eles foram os protagonistas de cenas selvagens dentro de campo. Isso é fato.
Entretanto, a arbitragem tem o dever de punir isso de maneira severa e com postura firme de autoridade. Só que Sávio Sampaio esqueceu de trazer isso para Porto Alegre e se omitiu enquanto esteve em campo.
Após o terceiro gol do Botafogo, houve a primeira confusão generalizada e o juiz deixou por isso mesmo. Deu um amarelo para cada lado e achou que estava tudo bem. Só que após o apito final veio a segunda onda de violência e aí a pancadaria foi feia.
Sei que a súmula conta com três expulsões extras levando em conta a troca de agressões de Matheus Cadorini e Lucas Piazón, bem como a atitude covarde de David. O problema todo foi a passividade do juiz dentro de campo após tudo o que se viu no Beira-Rio.
Vivemos a era do VAR. Tudo o que aconteceu foi observado nos monitores. O árbitro tem o dever de expulsar os jogadores por tudo o que acontece antes, durante e depois da partida. Considero que a imagem de inércia do juiz atrás do policiamento resume a jornada infeliz no Beira-Rio.
A prerrogativa de poder tomar as decisões no relatório da partida não significa que ele esteja certo em não tomar as atitudes enquanto estava dentro de campo. Isso não foi legal e deixou uma péssima imagem para algo que já não estava bom.