Mais do que a existência ou não de falta de Matheus Babi em Patrick, o segundo gol anulado do Botafogo contra o Inter causou polêmica por outro questionamento. Até que ponto o VAR pode interferir em uma jogada como essa em função da distância entre a infração e o gol?
A resposta para essa questão está em entender em que momento começa a fase ofensiva do lance que resulta em gol.
O protocolo do VAR não fala em distância necessária para que uma possível infração seja checada em um lance de gol. Também não há uma determinação que estabeleça um número de toques na bola.
Imagine a seguinte situação. O "Time A" tem uma cobrança de escanteio. A bola é retomada pelo "Time B" de maneira faltosa. O árbitro não percebe a infração e manda o jogo seguir. Dessa roubada de bola irregular dentro de sua própria área, o "Time B" começa um contra-ataque rápido e chega ao gol. Em quem momento começou a fase ofensiva desse lance?
Isso mesmo. Foi justamente na roubada de bola faltosa, mesmo que o "Time B" tenha tido a necessidade de atravessar o campo para marcar o gol. Nesse caso, se o juiz principal não viu a infração, o VAR tem a obrigação de interferir.
Por outro lado, se na metade desse mesmo lance, um zagueiro do "Time A" tenta interceptar o contra-ataque, afasta a bola para o campo adversário e o "Time B" retoma a posse mais uma vez e só depois disso chega ao gol, o começo da fase ofensiva já passa a ser outro. A interrupção do lance gera uma nova origem e o VAR não vai interferir em um falta ocorrida em uma jogada anterior a fase ofensiva da jogada de gol.
Vamos tentar ilustrar de maneira mais clara trazendo para a realidade do jogo entre Inter e Botafogo.
A falta de Matheus Babi em Patrick representa a origem da fase ofensiva do gol. Ele atinge o jogador do Inter e imediatamente recebe passe para progredir pelo lado direito e fazer o cruzamento para a marcação de um gol.
A construção da ação ofensiva ou fase de ataque está bem clara. Por isso, o protocolo do VAR foi seguido e a interferência foi correta.