Que diferença faz a um jogo de futebol quando o árbitro é gay? Estava pensando sobre essa questão no último domingo, que marcou o Dia do Orgulho LGBT+. Pensava se implicaria em alguma mudança nas regras, no campo, no número de jogadores e até mesmo se a bola continuaria sendo redonda se o árbitro fosse gay declarado.
Diante da necessidade de fazer uma ironia para falar o óbvio, resolvi levantar a questão aqui. Só que em meio a essa divagação, cheguei à conclusão de que a questão correta é outra. Será que os torcedores deveriam saber quando o árbitro de futebol é gay?
Não sei qual seria o tamanho do preconceito enfrentado por um juiz que tomasse essa decisão. Afinal, o futebol é o esporte aquele que não tem espaço para esse tipo de coisa. É jogo da virilidade jogado por homens. O sujeito precisa ser muito macho para apitar futebol. Um gay jamais conseguiria fazer isso. Árbitros não devem assumir essa condição. Até porque ao omitir essa informação e ser considerado homem de verdade, o juiz assume a capacidade masculina de comandar uma partida de futebol.
Diante da necessidade de nova ironia para dizer o óbvio, refaço a pergunta que é o ponto de partida deste texto. Que diferença faz quando o árbitro é gay? Para o jogo, a resposta é nenhuma. E por que os torcedores não podem saber quando o árbitro é gay? A resposta é preconceito. Ou seja, não há diferença desde que as pessoas não saibam.
Então, por que um árbitro gay precisaria assumir essa condição? Porque a discussão vai além do jogo. Talvez não exista algum segmento de tanta discriminação quanto o futebol, esporte em que o árbitro é sabidamente a figura mais frágil. Enfrentar seria o pontapé inicial para começar a superar o preconceito enraizado, que só será vencido quando não houver diferença entre saber ou não que um árbitro é gay.