"É melhor fazer dois testes seguidos do que ver ele fazendo um". A frase veio acompanhada de um suspiro de Leandro Vuaden ao ver o filho completar, com sucesso, a primeira prova física da carreira na arbitragem. Aos 44 anos, o mais experiente juiz do Rio Grande do Sul havia realizado o mesmo teste mais cedo sem sustos. Entretanto, voltou a sentir a ansiedade de estreia quando viu Felipe William Vuaden entrando na pista atlética da UFGRS na manhã da última quarta-feira (15).
O sol forte, a temperatura superior aos 35ºC e a sensação térmica batendo perto dos 40ºC geravam elementos de dificuldade para cumprir os índices. Cada volta concluída vinha acompanhada dos gritos de incentivo. Vuaden não escondeu o alívio ao ver o filho finalizar o teste, mas também demonstrou que a maior cobrança para o novato da família no apito estará em cassa.
— Não é por ter passado que está tudo certo. Poderia ter sobrado um pouco mais. Ele sabe onde precisa melhorar — alertou o árbitro, logo após posar para a foto ao lado do filho, que tem a arbitragem no sangue e cresceu assistindo aos jogos comandados pelo pai.
Felipe Vuaden tem 22 anos e realizou o curso da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) no ano passado. Ele começa 2020 integrando o quadro de árbitros da Letra C, a categoria inicial da arbitragem. Os primeiros passos da carreira serão em competições secundárias e de divisões inferiores. A aprovação no teste físico o deixa habilitado para isso. Para almejar a um lugar como árbitro reserva no Gauchão, ele precisará ser promovido para a Letra B. O degrau seguinte é ainda mais demorado. A chegada à elite do apito no estado deve levar ao menos cinco temporadas.
O caminho é longo, mas se depender do incentivo e da cobrança do pai, a família Vuaden terá vida longa na arbitragem.