Durante a partida, achei desnecessária a revisão de um possível pênalti solicitada pelo VAR na vitória por 2 a 1 do Grêmio sobre o Palmeiras na partida de volta da semifinal da Libertadores. Isso porque o lance em que a bola pega na mão de Rômulo dentro da área está longe de caracterizar um erro grave de arbitragem, o que deveria ser um pré-requisito para a interferência na decisão do juiz principal. A jogada é clara no sentido contrário, pois não houve a infração.
Com a divulgação da conversa do árbitro Néstor Pitana com os integrantes da cabine do VAR (assista ao vídeo abaixo), a intromissão do recurso eletrônico naquele momento do jogo se torna ainda mais desnecessária. Diria até que a interferência pode ser considerada preocupante, dependendo da avaliação da Conmebol para o caso.
O diálogo mostra que em nenhum momento a possibilidade de marcação do pênalti foi considerada de forma concreta por nenhum integrante da equipe do VAR. O primeiro passo para uma interferência, de acordo com o protocolo, deveria ser o fato de que o árbitro de vídeo entende que o juiz principal está cometendo um grave equívoco.
Só que não é isso que o uruguaio Daniel Fedorczuk manifesta durante a conversa com Pitana, que é recomendado a revisar o lance no monitor à beira do gramado. Tanto que o argentino olha a imagem no monitor, diz que pretende manter a decisão do campo de não marcar a penalidade e recomeçar o jogo com arremesso lateral e o árbitro de vídeo concorda dizendo: "Correta decisão, Pitana".
Se o VAR for chamar revisão de todos os lances em que ele acha que não houve nada só para "jogar" a decisão para o juiz principal, o jogo passará a ser interrompido a todo momento. Não sou contra a interferência do VAR. Defendo apenas que ela deva ter critérios mais claros e rigorosos. Se não vira bagunça.
O uso mais criterioso evitará até as reclamações de interferência seletiva, como ocorreu na Copa América. Messi protestou contra o uso do VAR por bobagens e pela falta de uso em lances que considerou graves. Por isso, reforço que a conduta do VAR neste lance é preocupante, a não ser que a Conmebol corrija os problemas antes das semifinais.
O que não podemos deixar de enaltecer é a atitude transparente da entidade sul-americana de publicar os áudios. Isso mostra que o objetivo é evoluir o processo e fazer as coisas da maneira correta.