Mesmo restando apenas duas semanas para o término do ano, fazer balanços no jornalismo é sempre precipitado. As férias chegam, mas o mundo continua girando e produzindo notícias. Há constatações, no entanto, que já podem ser feitas pelo seu ineditismo. As trágicas mudanças climáticas de 2023, em especial no RS, desafiaram a nossa forma de trabalhar, alterando rotinas, processos e discussões de pautas.
O ano começou com uma forte estiagem, que afetou a economia do Rio Grande do Sul. Como em ocasiões anteriores, a Redação Integrada de Zero Hora, GZH, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho se mobilizou já nos primeiros sinais de que o verão seria mais seco do que o normal.
O RS se recuperava dos estragos quando, em junho, um ciclone extratropical atingiu o Litoral Norte, principalmente Caraá. A redação já estava mobilizada horas antes graças aos alertas dos órgãos de meteorologia. Mas o tamanho da destruição surpreendeu a todos.
Mesmo restando apenas duas semanas para o término do ano, fazer balanços no jornalismo é sempre precipitado.
Os efeitos do ciclone ainda estavam presentes na memória da população quando, em setembro, o RS passou por nova tragédia, dessa vez provocada pelas enchentes, com dimensões ainda maiores, levando a dezenas de mortes e dizimando cidades do Vale do Taquari.
Os repórteres fotográficos Anselmo Cunha e André Ávila, que participaram da cobertura nas três situações, contam como essas tragédias impactaram a forma de trabalhar.
– Foi preciso ir além daquilo que seria o óbvio, do que estávamos acostumados a fazer. Meus colegas e eu precisávamos buscar imagens que dessem a dimensão de cada episódio, seus prejuízos econômicos, as vidas perdidas e o drama humano diante de tanto sofrimento. De um modo mais profundo, que transportassem o leitor para cada um desses tristes fatos e os sensibilizassem frente a dor do outro – conta Anselmo.
– Em menos de um ano, fotografei a estiagem e, pela primeira vez, os resultados de um ciclone. Logo depois, documentei uma enchente sem precedentes. Traduzir a dimensão e a importância desses eventos é o desafio que temos quando estamos na rua, de frente para a notícia. É mostrar o drama, o problema que se repete e jogar luz para a necessidade de que esse ciclo seja minimizado – destaca André.
Confira, abaixo, capas de ZH em 2023 que sintetizam o que Anselmo e André relatam.