A curiosidade é inerente à função de repórter, é o que move os profissionais. No início deste ano, a repórter Jhully Costa e o fotógrafo André Ávila trabalharam juntos, por um período, na cobertura de verão no Litoral Norte. Nos bate-papos diários, entre uma pauta e outra, veio um tema que era de interesse comum: paleontologia, em especial o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria na Região Central, conhecida como um reduto da vida pré-histórica.
Jhully e André compartilhavam do mesmo interesse em saber como se faz uma escavação para encontrar um osso de animal. E como saber se é de um dinossauro. Foi dessa forma que surgiu a reportagem que ilustra a capa desta edição.
Como relata a repórter, os fósseis descobertos na região central do Estado são reconhecidos internacionalmente por terem pertencido aos dinossauros mais antigos do mundo. Esses materiais podem ser encontrados em apenas outras duas localidades: na Argentina e no continente africano. Além disso, segundo o chefe do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, Rodrigo Müller, os materiais achados em território gaúcho são bem preservados, o que representa um diferencial na comparação com outros países.
– O ponto principal foi poder acompanhar um trabalho que tanto vemos nos filmes e parece muito distante da realidade. E também entender como é possível, apenas com alguns fragmentos ósseos, descobrir detalhes sobre a vida na Terra há mais de 230 milhões de anos. Sempre imaginei que eles precisavam encontrar o esqueleto completo dos dinossauros e de outros animais, mas não, basta um dente ou uma mandíbula para se obter respostas importantes – conta Jhully.
André destaca o seu interesse antigo no assunto:
– Sempre me chamou atenção o trabalho de campo em sítios arqueológicos, a pesquisa paleontológica e a sua importância para compreender a evolução. A dedicação e a paixão dos pesquisadores são nítidas. Cada pequena descoberta é um sorriso. Um escavador me chamou rindo: “Ô, fotógrafo, vem aqui!”. Ele colocou um fragmento na palma da minha mão, era um dente de uma espécie que repousava há milhões de anos naquele solo.
Assuntos sobre ciência, pesquisa, paleontologia e arqueologia costumam despertar interesse dos nossos leitores. E, como destaca a editora Micheli Aguiar, quando se trata de uma descoberta local, a audiência é ainda maior.
– O regionalismo contribui para o interesse do público de ZH e GZH. O tema também performa muito bem nos buscadores de internet, com os conteúdos repercutindo para além do RS e dos leitores fiéis dos nossos veículos – diz Micheli.
A reportagem está no caderno DOC e também pode ser acessada pelo site e pelo aplicativo de GZH.