A redação de jornal sempre foi um ambiente vibrante, de interação, de troca de ideias e até de descontração, com barulho de teclados de computador, conversas ao telefone, rádio em volume alto e TVs espalhadas pelos quatro cantos permanentemente ligadas. Local propício para quem lida com a notícia e sabe que a qualquer momento imprevistos surgirão e tudo o que foi planejado não terá mais sentido.
Desde o final de março, porém, a Redação Integrada de ZH, GaúchaZH, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho está vazia. Poucos profissionais, cuja presença é imprescindível por questões técnicas, estão atuando no local. Os demais estão em teletrabalho. Situação que professores, engenheiros, psicólogos e tantos outros também estão vivenciando.
Essa mudança de rotina em razão da pandemia nos impôs desafios. Como evitar que a casa se transforme num ambiente permanente de trabalho? Como não perder a concentração com crianças correndo dentro de casa? Como arranjar tempo para se exercitar e evitar recorrer à geladeira a toda hora?
Para tentar entender um pouco desses novos dilemas provocados pelo isolamento social, convidamos na quarta-feira passada (22) os psicanalistas Diana Corso e Mário Corso para um bate-papo pela internet com a Redação Integrada. Durante uma hora, tivemos a oportunidade de entender o que de fato está se passando em nossas mentes e de como aprender a lidar com situações adversas.
A conversa foi intensa, com dicas de como tornar a rotina mais leve. Um dos temas mais abordados foi como saber distinguir o que é trabalho e o que é casa. Diana citou seu próprio exemplo: ao acordar, se veste, se maquia e vai para uma das peças da casa onde passa a atender seus pacientes por videochamadas. Como se estivesse indo ao consultório:
— Precisamos de momentos distintos em casa. Temos de arrumar a cama para delimitar o que é o quarto do dia e o que é o quarto da noite, saber a hora de trocar o sapato pela pantufa, ter a hora do regramento e a do desregramento.
Mário ressalta que é preciso criar estratégias para diferenciar casa e trabalho.
— Temos que descobrir o momento de se desligar da tomada e buscar alienações boas. Quando consigo cuidar das minhas plantas, fico no meu estado alfa — conta o colunista de ZH e GZH.
Foram 60 minutos para recarregar as baterias e retomar a rotina com mais leveza e inspiração.