Lá se vão quase três meses e meio de isolamento social, máscaras, abre e fecha do comércio, movimentação de UTIs, números preocupantes. Apesar das limitações impostas, a vida segue. Com mudanças de hábito e rotina, aos poucos vamos encontrando formas de retomar as atividades, usando a criatividade para não burlar as recomendações sanitárias. E nós, jornalistas, temos obrigação de acompanhar essa retomada, mesmo que dentro de uma nova normalidade.
ZH e os demais veículos da RBS vão continuar dedicando os seus espaços para informar sobre a pandemia. Aumento na ocupação de leitos hospitalares e crescimento no número de mortos e infectados precisam ser noticiados diariamente sob pena de omitirmos fatos graves.
Mas, passado o impacto dos primeiros cem dias de coronavírus no Estado, o jornalismo precisa voltar as atenções a outros assuntos que também mexem com o cotidiano da população. Cito três exemplos de notícias dos últimos dias amplamente abordadas em nossos veículos, seja pela relevância ou pelo inusitado.
Na segunda-feira, ZH publicou reportagem do Grupo de Investigação da RBS (GDI) que mostrou que o auxílio emergencial de R$ 600 concedido pelo governo Bolsonaro a pessoas afetadas pelo desemprego e que precisam de dinheiro para o sustento da família está sendo requisitado por gente com bom poder aquisitivo. Muitos dos que recorreram aos R$ 600 sem necessidade ostentavam em suas redes sociais fotos de viagens ao Exterior, carros luxuosos e cenas de lugares pelos quais quem realmente necessita do auxílio nunca passou e talvez nunca passará por perto. A reportagem também foi ao ar no Fantástico no dia anterior.
Ainda no início da semana, surgiram relatos de moradores do Litoral Norte sobre o aparecimento de esferas coloridas e luminosas sobre o oceano. Encerramos a sexta-feira sem saber o que eram aqueles objetos, que inclusive foram gravados em vídeo, mas a reportagem de ZH, GaúchaZH e Rádio Gaúcha foi ao Litoral para ouvir os depoimentos e trouxe para o debate físicos, astrônomos, engenheiros e ufólogos. Como não houve consenso, os intrigantes objetos voadores continuarão no nosso radar.
Por fim, na terça-feira as previsões meteorológicas apontavam para a chegada de um ciclone-bomba ao Estado. Depois de uma madrugada que assustou os gaúchos, nas primeiras horas de quarta-feira nossos repórteres e fotógrafos já estavam nas ruas para registrar os estragos e ouvir relatos de quem havia sido afetado pela chuva e ventania. Ao mesmo tempo, outros profissionais buscavam com especialistas explicar com exatidão o fenômeno.
E assim seguiremos, buscando a notícia onde ela estiver, dentro ou fora da pandemia ou em consequência dela.