A resposta de Felipão a um torcedor seria o mais recente episódio na "crise de relacionamento" com a torcida do Galo. A direção tenta "contornar", como se ele tivesse cometido algo grave. Luiz Felipe não é assim um monge budista, mas alto lá. O sujeito mira o celular e provoca, aos gritos, com o claro objetivo de gravar e viralizar
A desculpa é defender o jovem Alisson no time. Figuras públicas têm de saber ouvir, mas são de carne e osso. Não fossem os seguranças, a metros do ônibus, ele seria abordado, tocado e sabe-se lá o que mais. Um senhor de 75 anos. Noutro viés do mesmo mal, o Brasil lamenta nova tocaia, desta vez da torcida do Sport. Seis jogadores do Fortaleza foram para o hospital, alvejados por pedradas dentro do ônibus. A indignação vai durar menos do que uma polêmica de BBB no Twitter. Ninguém faz nada.
A reação é sempre só da vítima da vez. Na hora da ação de todos, silêncio. Estilhaços de uma explosão já deixaram marcas no rosto do goleiro Danilo, do Bahia. E a pedrada em Villasanti no Gre-Nal adiado? Tenho dúvidas até se haverá mudança quando morrer um jogador, de tão desiludido. Com celular apontado ou pedrada na janela, estamos normalizando a violência do constrangimento. Da intimidação. É uma doença social do nosso tempo.
Quanto tempo mais para o Brasil se dar conta de que tem de criar uma polícia especial nos estádios? São torcedores criminosos, organizados em facções. Eles articulam ataques em redes sociais. É inacreditável que não se consiga descobrir e prevenir orquestrações como esta, de torcedores do Sport contra o ônibus do Fortaleza, assim como invasões de CTs.
Parece que o país não dá importância, do tipo "ah, é assim mesmo". Ou se cria uma legislação mais rigorosa no Congresso, com apoio de todos os clubes, para enquadrar e prender esses vândalos, ou o passo seguinte será o ápice da barbárie: não apenas mortes, mas a banalização das mortes.