Não é jogo arriscado por questões de tabela. Mesmo que o Grêmio perca para o Criciúma, amanhã, o Sobrenatural de Almeida só fardará se adversários insossos engatarem sequência incrível de vitórias. Ninguém tem feito isso. Nem o Cruzeiro, que de vez em quando tropeça.
Então não se trata de risco de não subir. A questão, na disputa da Série B, é estresse. Ambiente ruim, cancelamento e ódio, que pode atrapalhar os jovens. Brenno virou Cristo. O mesmo Brenno campeão olímpico. E se Natã — anotem: zagueiro diferenciado — for mal em Criciúma, no lugar de Bruno Alves? Vão cancelá-lo também? E tem a sanha pela cabeça de Roger Machado, que, sim, aumenta na torcida, como se isso fosse resolver tudo.
Esqueceram de Tiago Nunes, Felipão e Mancini? Não lembram que até Renato foi demitido, quando se achava ruim perder em semifinal e final? Dizia-se o mesmo nas demissões: “dá para render mais”. Se técnicos vêm e vão e nada de substancial acontece em termos de bom futebol, é óbvio que o problema está noutro lugar.
Não é técnico. Não é SÓ técnico. O Grêmio vem fracassando no departamento de futebol. Na direção. Nas análises de cenário e diagnósticos de campo. Na garimpagem de jogadores baratos. Na reposição pela base. Nos lesionados que demoram a voltar e, quando voltam, lesionam-se de novo.
Na governança, a gestão Romildo segue bem. Pior do que cair com superávit é ser rebaixado devendo uma vela para cada santo. Bem ou mal, muito por essa razão, o acesso será imediato, ao contrário de Cruzeiro e Vasco. Só que é fato: há alguns anos as contratações falham. Seja por erro na origem ou na sua administração de vestiário.
Thiago Neves era ex-jogador. Luciano voa no São Paulo, mas aqui doía de ruim. Por que? Robinho chegou com asteriscos de lesão. Todo mundo sabia. Quem indicou Thiago Santos, Churín (US$ 1 milhão!) ou Rodrigo Mirassol? Campaz não vale a fortuna paga por ele.
O veterano Edílson luta contra o próprio corpo, mas não pediu para regressar. Léo Chu e Elias saíram em nome de Janderson. Guilherme voltou de um quase rebaixamento nos Emirados Árabes — para substituir Ferreira. Enfim: não é técnico. O furo é mais embaixo.