Foi um roteiro perfeito do destino. Um tango. Mais argentino do que nunca. Mais D’Alessandro do que nunca. Nada de amistoso, que ele nunca foi muito amistoso. Tinha de ser jogando para competir, reclamando do árbitro, fazendo gol, de virada, com pênalti perdido do adversário, com arbitragem contra, em simbiose com o Beira-Rio. E com um time, no segundo tempo, jogando por ele, para vencer em seu nome.
Imagine a homenagem pós-jogo, tão emocionante, com o grito do torcedor e lanternas dos celulares ligados na noite, iluminando a despedida, sem a vitória. A crônica do Carpinejar, no sistema de som, tocou o coração.
Carpinejar costuma chamá-lo de marechal, e não de capitão. Emprestou o tom certo. As pessoas choravam no estádio. E se o Inter tivesse perdido? Bem, D’Alessandro sempre correu riscos e lutou pelo Inter. Sempre teve lado, o do Inter. Só não foi expulso no lance do pênalti perdido do Fortaleza, não tenho dúvidas, por respeito do árbitro. Ali, ele correu o risco de manchar sua própria despedida e pagar mico, mas o fez em nome do que? Do Inter.
Em nome de defender o Inter. E com razão. Foi falta flagrante nele, no início da jogada. Não é certo reclamar tão acintosamente da arbitragem, mas ali ele era o ídolo, como disse Carpinejar, tomando partido. O partido do Inter.