Lisca é colorado, mas esse não é sua principal virtude para receber uma chance no Inter, depois de ter sido confirmada a saída de Miguel Ángel Ramírez. Ele merece porque é bom técnico. Subiu o América-MG, não foi campeão da Série B por erro de arbitragem, alcançou a semifinal da Copa do Brasil do ano passado e, em 2021, eliminou o Cruzeiro com duas vitórias na semifinal mineira. Perdeu o título para o Galo com dois empates, sem derrota, graças aos regulamento.
Começou no Inter aos 20 e poucos anos, na base. Conhece a aldeia. Sempre foi considerado prodígio como técnico. É fascinado pela parte teórica e tática, trabalhando muito com análise de desempenho. Estuda demais. Para fechar a conta, é especialista em lidar com a base, tendo ajudado a formar nomes como Nilmar e Sobis, entre outros tantos. Os jogadores gostam dele. Nunca ouvi queixas de jogador sobre ele. Ao contrário.
Seria um nome, conceitualmente, próximo ao perfil de Ramírez, conectado com ideias atualizadas de futebol. Não significaria mudança total de rumos, pois manteria a ideia de trabalhar com os jovens. Seu problema sempre foi mais o temperamento difícil, explosivo demais, sem papas na língua. Mas também não dá, hipoteticamente falando, para encontrar o técnico perfeito, inteligente, jovem, ponderado, líder e que fale seis idiomas.
Aí não existe.
Acho que chegou a hora de Lisca em um grande clube, aproveitando que seu momento no América-MG parece ser o da fadiga nos metais. Paulo Bracks, executivo de futebol colorado, trabalhou com ele em BH. Já têm entrosamento. Desde que ele, Lisca, queria assumir o Inter, obviamente, em seu projeto de carreira. É um profissional com mercado.