Rafinha mal chegou ao Grêmio, mas já é um líder do vestiário. Normal. Muito tempo em altíssimo nível na Europa, depois a passagem impressionante pelo Flamengo de Jorge Jesus. Tem moral e trajetória para se colocar nessa condição mesmo que sua história no clube nem se compare a Geromel, Maicon e Kannemann, por exemplo.
O fato é que a grife de Rafinha dá a ele lastro para entrevistas como a desta quarta-feira. Para começar, ele empenha a sua palavra de que o time vai jogar muito mais do que vem jogando. E o faz se dirigindo diretamente ao torcedor. Eis a frase, literalmente:
— A torcida gremista pode esperar que vamos fazer um jogo muito melhor do que fizemos nessa partida diante do Santos.
Outro ponto é uma revelação. Sim, Rafinha disse que a culpa pela queda de rendimento e as três derrotas seguidas no Brasileirão decorrem do surto de covid-19, que se abateu sobre uma dezena de profissionais, um deles ele próprio:
— Não queria falar nisso, porque às vezes podem interpretar como desculpa. Mas é difícil você perder cinco jogadores por três semanas. Quando os jogadores voltam, aí você perde o o comandante, o treinador. Perde a comissão toda por duas semanas. Fica difícil. A gente não volta com tanta força, temos aqui assessoria, fisioterapia, colegas que também pegaram covid. Isso dificultou muito o trabalho de todos nós.
Em seguida, Rafinha admite até momentos de depressão:
— Abala, machuca. Ficamos deprê. Fiquei praticamente três semanas fora, e isso é muito tempo para um atleta de alto nível. Você não volta 100%. São duas semanas de cama. Não gosto de falar disso, pois parece desculpa, mas não é. Quem teve a doença, sabe como é. Tivemos companheiros nossos que ficaram em situações difícil no hospital. Atrapalha. Mas Ficou para trás, agora é dar sequência nos jogos.
O lateral-direito entende que vai render mais com o passar dos jogos e rechaçou a ideia de experientes contra novatos. Em resumo, disse que joga quem estiver melhor, jovem ou para lá dos 30 anos. A entrevista de Rafinha, em suma, afirma que a covid puxou o Grêmio para baixo na largada do Brasileirão, inclusive pela morte do cunhado de Tiago Nunes, de apenas 36 anos, uma tragédia familiar.
Uma entrevista sincera, sem dúvida. Resta saber se já contra o Santos, após uma semana cheia de treinos, será possível cumprir a promessa de jogar muito melhor que contra Sport e Athletico-PR.