Quando foi, não sei ao certo. Virada do milênio, talvez. Maradona dava sinais de vitória na sua luta contra as drogas. Precisava de ajuda. De mais elogios do que críticas. Então Zico, um de seus grandes amigos (El Diéz admirava o futebol brasileiro e seus jogadores, e não apenas pela influência de Careca e Alemão, parceiros de Napoli), convidou o craque para uma pelada. De luxo, claro, mas pelada.
O evento, embrião do Jogo das Estrelas, que até hoje Zico organiza nas férias da bola para ajudar entidades beneficentes, foi no CFZ, clube do ídolo rubro-negro. Quando Maradona chegou, não conseguia caminhar. Os fotógrafos não deixavam, de tantos cliques. Ele era a grande atração, mas parecia mesmo algo como: "Olhem, ele está vivo!".
Zico correu até ele e, puxando-o pela mão, arrancou Maradona da confusão e o levou para o centro do gramado, onde estavam os jogadores. Maradona sorriu vendo os amigos. Cumprimentou um a um. Júnior, por exemplo. Aí avistou Renato.
Maradona abriu os braços, jogou a cabeça para trás e até se ajoelhou rapidamente diante do ídolo gremista. Sabe aquela reação de quando você topa com um amigo de risadas, festa e chope que não via há muito tempo? E ficaram ali, Renato e Maradona, em um longo abraço apertado.
Tino Marcos, repórter da Globo, vai até Renato para saber o motivo daquela intimidade toda.
– Eu sou o rei dele – diz Renato, para gargalhada dos que estão em volta.
Era só uma piada, claro. Pena que Maradona tenha morrido tão jovem, aos 60 anos, após tanto sofrimento na luta contra a dependência química. O futebol vai demorar a se recuperar desta perda.