O Pedro Ernesto fez a frase. Eduardo Coudet demitiu o Inter. O clube que o esperou três meses e pagou multa rescisória para não deixá-lo mal com o Racing, adotando até técnico-tampão em nome da convicção de uma ruptura de modelo de jogo, não obteve dele a mesma consideração. O convívio com a direção não era como antes.
Foi pedido a ele que parasse de falar em palavra não cumprida sobre reforços, elenco reduzido e zero chance de disputar três competições. Não que fosse mentira, mas o drama da pandemia impediu o Inter de empreender os esforços financeiros prometidos. O dinheiro que entra vai todo para pagar contas. A ficha 1 é garantir salários em dia, e ainda assim há premiações em atraso. Como contratar medalhões?
Quando Coudet mencionou que precisava de cascudos em vez de jovens sem rodagem profissional, como Maurício e Yuri, Rodrigo Caetano ficou muito chateado. Ficava parecendo que a direção o sabotava, e não era isso. Não sei o que houve depois da reposta pública de Rodrigo a Coudet, mas é difícil imaginar que tenham trocado flores.
Pode ter havido alguma inabilidade dos dois lados para resolver uma eventual divergência, Coudet e Inter, é claro. Só que a rotina diária não é uma eterna Primavera de Vivaldi. Faltou a Coudet mais respeito pelo Inter, salvo informação adicional que apareça. A verdade nunca está de um lado só.
Sua intransigência em sair, em nome de um time pequeno que luta para não cair na Espanha, o Celta, às vésperas dos jogos decisivos na temporada, é um duro golpe na auto-estima colorada.
A saída de Eduardo Coudet é péssima para o Inter. Mesmo sem empolgar - a propósito: quem está empolgando? - liderava o Brasileirão e seguia vivo na Copa do Brasil e Libertadores. Lesões atrapalharam muito. Algumas escolhas suas também. Mas isso é do futebol. Se ele acertasse sempre, seria disputado por Bayern e Liverpool.
Com o que dispunha, levou o Inter a um patamar acima do esperado, sustentado pela parte tática. O substituto, seja ele qual for, terá de mexer o menos possível no modelo. Os jogadores estão há meses trabalhando assim. Não há tempo para treinar. Virar o time de cabeça para baixo não resolverá. Ajustes, talvez com alguma escolha diferente, sim. Mudança radical, não.