A reprise da vitória do Inter na final de 2006, com toda a preparação da semana pela RBS TV, Rádio Gaúcha e GaúchaZH, fechando com o caderno especial de ZH deste domingo (7), remete para o mesmo aprendizado de 1983, com Grêmio e Hamburgo. Se lá atrás a parte coletiva se revelou essencial, com Renato ajudando Paulo Roberto a marcar e até atuando de dublê de volante em alguns contra-ataques, também o exemplo colorado exige uma reverência tática. O Inter de 2006 era ótimo tecnicamente, mas ainda melhor na parte coletiva e mental.
A estratégia de lacrar o meio-campo foi cumprida com disciplina espartana. A ordem era travar a posse de bola catalã, e isso ficou eternizado na grandeza de Fernandão. Ele abre mão de ser o protagonista para impedir o volante Thiago Motta de fazer a saída de bola com tranquilidade. Desgastou-se tanto que saiu no segundo tempo, dando lugar ao predestinado Gabiru.
Alex também defendeu muito. Saiu em nome de Vargas, para que a intensidade dessa marcação se mantivesse. Os números provam que a estratégia luziu. E derrubam o mito segundo o qual o Inter perderia nove entre 10 partidas contra o Barcelona. Possivelmente sairia derrotado mais vezes, é claro, mas certamente empataria outras e talvez até vencesse de novo. O Barça teve 57% de posse de bola, quando normalmente batia em 70% ou até mais. Finalizou 17 vezes, mas viu o Inter arrematar uma dezena. Os espanhóis foram surpreendidos. Imaginaram uma massacre.
A lição é clara. Para fincar bandeira no mundo, como Grêmio e Inter fizeram, só tendo consciência operária. Engenheiro algum ergue prédio sozinho.