O herói da conquista do Mundial de 2006 foi Adriano Gabiru. Ele marcou o gol mais importante da história do Inter, contra o Barcelona, e passou das vaias à reverência em questão de segundos. Mesmo assim, não ficou no clube na temporada seguinte e passou a peregrinar pelo Brasil até encerrar a carreira em 2017, no Tupy, de Criciumal, no interior gaúcho.
Aquele jovem que iniciou no CSA e fez sucesso com a camisa do Athletico-PR no começo dos anos 2000 jogou até mesmo no Olympique de Marseille, da França. A passagem pela Europa foi rápida, é verdade, mas dava indícios de que havia, ali, um bom jogador. No Cruzeiro, antes de desembarcar em Porto Alegre, teve altos e baixos, mas deixou o clube mineiro brigado com a torcida — que ele xingou em uma entrevista por pegar no seu pé.
No Beira-Rio, teve de conviver novamente com a pressão e as críticas vindas das arquibancadas. Tinha, no entanto, a confiança do técnico Abel Braga, que o escalava apesar das vaias. Por tudo isso, ele não imaginava jogar no Japão. Quem dirá, fazer o gol que ficou marcado na história do clube.
— Não esperava jogar. Achei que tinha ido só para passear mesmo — conta Gabiru, aos risos.
Na semifinal, contra o Ah-Ahly, não entrou. Garante que estava tranquilo com a situação, mas que seguia treinando forte e mantendo a dedicação para ajudar caso fosse preciso. Quando Abel Braga lhe chamou e disse que entraria na decisão contra o Barcelona, no lugar de Fernandão, espantou-se:
— Tinha muita gente boa no banco. Acabou que o Abel confiou em mim e me deu aquela oportunidade. Entrei e fiz o gol do título, mas não imaginava que entraria. Graças a Deus fiz a minha parte e ajudei o time.
Aquele gol valeu mais do que apenas título para Gabiru. Ele sustenta o atleta até hoje. Depois de atuar por mais de 10 clubes após a saída do Inter, em 2007, encerrou a carreira jogando por equipes do Interior que viam nele um ídolo colorado, que chamaria a atenção para o clube na mídia e também os estádios. Afinal, ele havia marcado contra o Barcelona. Em 2017, porém, decidiu que estava a hora de parar:
— Estava cansado já, com 40 anos. Resolvi ficar em casa, com a família.
Apesar de ter nascido em Maceió, Gabiru adotou Curitiba como sua casa. Mantém residência na capital paranaense desde os tempos de Athletico-PR. Com ele, moram a esposa Andréa, os gêmeos Luca e Luigi, 16 anos, e a filha Isabele, 18 anos. O filho mais velho, Adriano, 21 anos, mora em Alagoas.
Quem também vive em Curitiba é o ex-volante Perdigão, grande amigo de Gabiru, que lhe conseguia trabalho. Tudo graças ao gol marcado em Víctor Valdés, espanhol que defendia a meta do Barcelona em 2006.
— Eu ia em alguns eventos dos consulados do Inter. Não trabalho para o clube, mas o Perdigão tem os contatos e os caras nos pagam para ir nesses eventos da torcida — explica.
Com a pandemia do coronavírus, porém, as festas foram suspensas. Nada de aglomeração. Assim, o autor do gol mais importante da história do Inter, que garantiu o título Mundial, em 2006, vive em função daquele momento.
— Hoje a torcida do Inter me adora, tem um carinho por mim, por causa daquele gol. Viajo bastante para esses eventos e o pessoal pede autógrafo, foto. Mas com a quarentena estou ficando em casa. Nesse frio, dá preguiça de sair — brinca Gabiru.
Pacato e sem redes sociais, as quais diz não saber mexer, o ex-jogador passa os dias assistindo televisão e conversando com amigos por mensagens. A rotina calma só muda quando o assunto é Inter e o Mundial. Assim, vive o herói da vitória sobre o Barcelona, que pintou o mundo de vermelho naquele 17 de dezembro de 2006.