Depois da seleção porto-alegrense de todos os tempos, a propósito dos 248 anos da Capital — cujo resultado, aliás, foi um timaço capaz de enfrentar qualquer equipe do mundo em qualter tempo —, agora GaúchaZH traz outra escolha deliciosa.
Quais seriam os gols mais importantes de Grêmio e Inter, duas instituições centenárias? Sou fascinado por estas provocações, pelo debate que ensejam. É uma eleição com duas armadilhas. A primeira é escolher gols em final, valendo títulos nacionais ou internacionais. É preciso dar uma passo trás, respirar história e entender contextos.
Outra questão é o tempo: quanto mais para trás, menos conexão e entendimento a gurizada têm com certos gols emblemáticos. Por isto, citarei dois que vão além dos 10 listados no site, que priorizou os de grandes finais.
No Grêmio, nada se compara ao gol de André Catimba, o do Gauchão de 1977, evitando o eneacampeonato do Inter. Ali, com Benitez batido e o baiano que bebia uísque com Helio Dourado errando a cambalhota na comemoração, o Grêmio renasceu em orgulho. A torcida não suportava mais. Não era só um Estadual. O que veio logo depois — remodelação do Olímpico, primeiro Brasileirão, Libertadores e Mundial — é fruto daquele instante.
Pelo Inter, não pode existir dúvida: um gol nos acréscimos, semifinal, a bola sem tocar o chão desde Figueroa, passando por Dario, finalizando com tabelinha de cabeça entre Escurinho e Falcão, um gol assim é imbatível.
É uma obra que transcende os verbos ganhar ou perder, embora depois dele ninguém mais duvidasse que o Inter seria bi brasileiro, em 1976. Quantos times no mundo seriam capazes de tal construção, lembrada até hoje em todo o país? Poucos.