Os 15 clubes da Terceirona gaúcha se uniram, em tom de desespero, para pedir ajuda à Federação Gaúcha de Futebol (FGF). A competição, que classifica dois clubes para a Divisão de Acesso 2021, teria começado no dia 5 de abril, mas obviamente a pandemia da covid-19, com o necessário isolamento social que salva vidas, impediu. O futebol parou no mundo todo, salvo raríssimas exceções.
Os signatários do documento são: União Harmonia (Canoas), Doze Horas (POA), Farroupilha (Pelotas), Gaúcho, Marau, Nova Prata, Novo Horizonte (Esteio), PRS (Garibaldi), Real (Capão da Canoa), Riograndense (Rio Grande), Riopardense, Santa Cruz, Santo Ângelo, São Borja e Três Passos.
São 512 empregos entre jogadores, gestores, comissões técnicas e funcionários. Se pensarmos em famílias que dependem desses postos de trabalho, talvez estejamos falando em mais do que o dobro de pessoas.
É um drama social decorrente do recesso do futebol. Com um agravante: sem TV, sem mídia, sem dinheiro, sem poder, sem força para erguer a voz. É um pleito que não pode ser recebido como choradeira. O socorro de R$ 19 milhões da CBF é para as séries C e D, além do futebol feminino. Os sem série não receberão um centavo. Quem se importará com eles?
"É para nos impedir de perecer", diz a carta dos clubes gaúchos da Terceirona, em tom dramático, endereçada à FGF. O apelo fala em emergência e qualquer ajuda, "mesmo que de forma parcial". O medo é de encerrar atividades e ser soterrado por uma avalanche de reclamatórias trabalhistas.
O que a CBF destinou aos clubes, diante de seu lucro, são migalhas. Pareceu-me mais fruto de pressão da Fifa e da Conmebol do que preocupação. As federações têm de receber aporte extra da CBF só para atender quem não tem calendário. Não são menos trabalhadores por estarem longe dos holofotes. Há dinheiro para isso lá na sede da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.