Sabe aquele Messi tímido, que aparentemente só jogava futebol e esquecia o resto, uma espécie de talento à procura de um personagem à altura?
A covid-19 deixou muito claro que um novo Lionel Messi está consolidado. O craque argentino doou 1 milhão de euros (R$ 5,79 milhões), divididos igualmente entre um centro médico de Barcelona e outro de Rosário, sua cidade natal.
No clube, assumiu integralmente a postura de liderança nas negociações.
Aceitou, com apoio de todos os seus companheiros, o corte de 70% dos salários enquanto persistir o recesso provocado pela pandemia, mas impôs uma condição: pagamento integral aos funcionários do clube.
Uma tacada que pode ser considerada uma virada de jogo no tabuleiro de xadrez das tratativas, tipo xeque-mate mesmo. A imprensa francesa, através do jornal Le Équipe, uma das mais tradicionais publicações esportivas da Europa, o estampou na capa como se fosse o líder guerrilheiro Che Guevara, popularmente conhecido no mundo todo apenas como Che, em razão de suas crescentes demonstrações de comando. E, claro, por atuar em favor dos salários mais baixos do Barça, que são os dos funcionários.
Em vez de esperar o clube anunciar o acordo, ele mesmo foi para as redes sociais e revelou as bases, em carta aberta com 25 linhas e discurso forte. Messi criticou fontes do próprio Barça que, segundo ele, vazavam informações das conversas para pressionar publicamente os jogadores. É uma voz poderosa que se ergue.
Só no Instagram, Messi tem 147 milhões de seguidores. É uma corte ainda longe dos 211 milhões de CR7, que sempre foi mais midiático e até exibicionista, porém à frente dos 136 milhões de Neymar e suas estripulias que chamam novos fãs em redes sociais. Não duvido que esse novo Messi, menos quieto e decidido a dar a cara à tapa, o torne mais ídolo na Argentina.
Se ganhar uma Copa do Mundo, passará de capitão a general — general San Martín, o libertador nacional.