Jorge Jesus foi experiente ao dar um freio na troca de alfinetadas com Renato Portaluppi, antes do confronto semifinal da Libertadores, embora eu duvide que essa história não tenha novos capítulos de ambos os lados.
Após seu time liquidar o Palmeiras com um 3 a 0, fora o baile, diante de quase 70 mil pessoas no Maracanã, perguntaram ao técnico do Flamengo acerca da seguinte frase do treinador gremista, dada na véspera, após o empate tricolor em 0 a 0 no Morumbi, com o São Paulo.
— Se me dessem R$ 150 milhões, eu fazia uma seleção —, disse Renato, no Morumbi.
O português saiu pela tangente. Elogiou Renato. Disse que não pretende polemizar. Falou que, no Brasil, o vencedor é ele mesmo, Renato, e não um técnico vindo de Portugal que nunca ganhou nada por aqui. Jesus está certíssimo.
Ele só tem a perder se der corda para um debate assim. O clima dos rubro-negros já é de selefla, manto, samba, futebol arte, cobrança de couvert, ziriguidum, telecoteco, aquela história de o "campeão voltou" e por aí vai.
Imagine se ele alimenta esse cenário? Aí sim, a fábula da soberba e do já ganhou fardaria de vez.
O Flamengo ainda não foi atacado por uma equipe forte e copeira, e isso acontecerá contra o Grêmio. Como seu time reagirá? Jesus sabe disso.
Jesus sabe, também, que não pode se iludir com o momento especial, de líder do Brasileirão, mesmo com um desempenho indiscutível. Quando apanhou de 3 a 0 para o Bahia ou levou 2 a 0 do Emelec (o Flamengo só se classificou às quartas da Libertadores nos pênaltis, no sufoco, em casa, ainda por cima com um gol de pênalti duvidoso) ninguém o chamava de mister, e sim de piada de português.
Ele é experiente, assim como Renato. Sabe como são as reviravoltas do futebol.