Não teve barbada, como se esperava. Por definição, não existe final com moleza, ainda mais na pressão de jogar em casa. A semifinal, contra a Argentina, foi bem mais fácil. O fato é que a Seleção é campeã da Copa América. Com o 3 a 1 sobre o valente time do Peru, na decisão, a campanha se encerra com 12 gols feitos e um sofrido. E ainda teve uma expulsão exagerada de Gabriel Jesus, um dos personagens do título, pela volta por cima em relação a Rússia. Há muito para evoluir até a nova Seleção se tornar competitiva ao ponto de disputar a Copa do Catar como candidata. Mas erguer a taça era essencial.
O Brasil vinha de três derrotas duras em Copa América. Era inaceitável que não retomasse as rédeas só continente. Não podia acumular nova derrota. E a Seleção conseguiu, mesmo tendo perdido Neymar às vésperas da estreia. Uma conquista merecida, com Maracanã lotado e a torcida orgulhosa: não houve futebol coletivo melhor do que o brasileiro na competição.
O cara
Sem dúvida, Everton termina a Copa América como a grande novidade da Seleção. Além do gol na final, neste domingo (7), e da artilharia compartilhada com Guerrero, sem dúvida outro destaque do torneio, nos momentos decisivos ele abriu retrancas. Cebolinha é um sopro contra a mesmice na renovação brasileira. Abre-se um leque interessante. Que tal Everton e Neymar pelos lados, mais Gabriel Jesus e Coutinho por dentro, com todos se mexendo muito? Vale tentar, e essa tentativa existirá graças a ele, Cebolinha, a grande notícia desta Copa América.
Destaques
Além de Everton, a novidade, o Brasil teve outros destaques. Alisson, o melhor goleiro do mundo, agora incontestável também em seu país. Daniel Alves, que vai ao Catar 2022 com 40 anos se mantiver esse padrão. A dupla de zaga, com Marquinhos e Thiago Silva, não errou nada. O caminho é longo, mas é melhor percorrê-lo com um título na bagagem. Imagine se a Seleção perde? A pressão seria insustentável. O império do resultado, por ora, dará um breve sossego.
Lições
O primeiro gol nasce de um técnico que aprendeu com os erros. Na Rússia, Gabriel Jesus foi mantido no time até o fim, mesmo mal. À época, Firmino pedia passagem. Agora, nem Richarlison (antes da caxumba) e nem Firmino faziam bem o lado direito. Na frente, a bola não chegava a Gabriel, o centroavante. Na esquerda, David Neres era um "extrema volante", que só dava passe.
Quando Tite promove Everton e Gabriel como ponteiros, usando Firmino de falso 9, a equipe se acerta. Ganha drible, enfim, pelos corredores. E como o placar do Maracanã se abre? Passe de Gabriel, gol de Everton. Em torneios de tiro curtíssimo, nem sempre dá para esperar dois ou três jogos até o rendimento individual chegar. Observar o momento é importante. Vale o mesmo para Alex Sandro. Entrou, foi bem e deixou Filipe Luís no banco. As mexidas ajeitaram a equipe.
Vexame
O grande fiasco da Copa América, de novo, foi a Argentina. Além de continuar mais um ano na fila — já são 26 sem ganhar nem canastra —, os argentinos beiraram o ridículo colocando a culpa na arbitragem e falando em manipulação da Conmebol em favor do Brasil.
Até Messi entrou nessa, talvez como último recurso para criar uma cortina de fumaça e escalar do constrangimento. O pênalti que ele protesta, de Daniel Alves, não existiu. Agüero dá um pisão desleal no capitão brasileiro. Se Messi e a Argentina seguirem nessa vida, não reconhecendo os próprios erros, nada mudará.