Nas três finalizações que teve em sua reestreia no futebol, após mais de um ano de suspensão, Paolo Guerrero foi mais centroavante do que nunca. Marcou um gol, de cabeça, cuja execução é muito difícil, abrindo a vitória com boa atuação de 2 a 0 dos reservas sobre o Caxias. Ele praticamente dá um passo atrás para vencer o zagueiro pelo alto. A bola não vem pesada, com força. Assim, qualquer toque é meio gol. Não: a cobrança de escanteio veio "viajada", algo lenta.
Guerrero teve de saltar e dar rumo tipo tacada de sinuca à conclusão, fora da pequena área, com o goleiro plantado. Um clássico gol de centroavante de carteira assinada. Antes, ele já tinha esticado a perna entre os zagueiros em um lance improvável, achando espaço na multidão para meter o pé. O zagueiro do Caxias salvou em cima da linha. Ou seja: três conclusões, duas na direção do gol, uma bola na rede, outra quase. Para quem estava há quase um ano sem jogar, nada mal.
Deu até para Odair Hellmann tirá-lo antes dos 70 minutos planejados pela preparação física, em nome de Jonatan Alvez. Para que arriscar? Dá para ver o técnico dizendo a ele, pela fácil leitura labial, quando o peruano deixa o gramado aplaudido:
— Parabéns.
Verdade que Guerrero não se mexeu muito para os lados. Movimentou-se pouco, até. Transitou na faixa que vai da marca do pênalti até as costas dos volantes. Nesse trajeto, em pelo menos duas vezes, organizou o pivô para quem vinha de trás. Como já tem algum tempo que Guerrero, sobretudo após se tornar um trintão, não é aquele camisa 9 de intensa movimentação e arranque em velocidade dos tempos de Europa, sua participação tática foi boa.
O fato de estrear no Inter com um gol que garante vaga na decisão do Gauchão, em casa, no dia do cinquentenário do Beira-Rio, já empresta um sentido histórico dessa largada colorada na vida de Guerrero.
O jogo? Como se esperava, protocolar, após a vitória por 2 a 1 no Centenário. Neste sábado (6), o Caxias teve mais posse de bola (55%), mas determinada apenas pelo fato de que, após o gol de Guerrero (Parede selou o 2 a 0), o Inter deixou o Caxias trocar passes inócuos na defesa, sem se desgastar. Em finalizações, 19 (nove na direção do gol) a 7 (três na direção do gol) para o Inter. Vai para a final do Gauchão com um centroavante que, a qualquer momento, ao menos pela amostragem inicial, está apto a decidir.