Mesmo após o gol surpreendente de Nico López e sua canhota mortal, o jogo entre Novo Hamburgo e o time misto do Inter transcorria com muita transpiração e pouca inspiração. Até que a bola sobrou com certa despretensão para o jovem argentino.
Ele não ajeitou. Não dominou. Um pouco só de espaço para ele, por dentro, como prefere jogar, e pronto: golaço, rede estufada, 2 a 0, classificação encaminhada para as semifinais do Gauchão. Simples, assim. Guilherme Parede é valente e brigador, mas faz um esforço danado para jogar. Recebeu muitas bola. Faltou-lhe o talento que, tudo leva a crer, sobra em Sarrafiore.
Veja a repetição na TV: todo o movimento do argentino é bem feito, com estilo. Ele acerta com uma parte do lado de fora do pé. A bola toma altura e desce abruptamente saindo do goleiro. Tipo uma folha seca. Assim que emenda o chute, ainda com a corpo todo no ar, já está olhando na direção do goleiro. É a confiança de quem confia na qualidade do que está fazendo. E antevendo a consequência.
Tirando estes dois lances, dos gols do Inter, foi um jogo morno no Estádio do Vale, com muita transição para os lados, marcação encurtada e erros de passe na hora de romper linhas. Edenilson, de novo, foi o melhor taticamente. Vive grande fase, aliando intensidade e uma qualidade do meio para a frente que não se viu no ano passado. É mesmo um meia, e não mero volante marcador.
O Novo Hamburgo é um time carente, sem força de ataque. Tirando Bustamante, ninguém dribla. Como o Inter é uma equipe que, antes de tudo, voltou a se defender bem com o tripé de volantes, o Noia se tornou inofensivo.
Mas que fique claro: mesmo com poucas chances, entrando na segunda etapa e sem tanto tempo assim para aquecer no próprio jogo, ele já vai somando gols e assistências. Sarrafiore faz pouco esforço para jogar. Se receber mais oportunidades, pode mesmo receber o bastão de D’Alessandro. É o que Odair tem de fazer: deixá-lo mais tempo em campo.