O grande fator específico de pressão sobre o Inter neste começo de Gauchão não é tanto o momento histórico de supremacia do Grêmio, que vai para a quarta temporada com time competitivo e mantendo a base do ano anterior. O problema central é que a régua colorada subiu. É ano de Libertadores, e os adversários brasileiros vão bem nos estaduais. Nenhum deles está arrebentando porque é impossível estraçalhar em janeiro e fevereiro, mas todos estão driblando as limitações naturais de alguma maneira – menos o Inter.
O Inter depende mais de retomar o padrão do primeiro turno do Brasileirão 2018. Rafinha é tão lateral-direito quanto Bruno. Ambos têm a mesma idade, inclusive: 33 anos. Um é titular do Bayern, de Munique. O outro era reserva do Bahia. Com dinheiro sobrando, o Flamengo pagará milhões por Rafinha. Ao Inter, de cofres raspados, restou Bruno. O Flamengo trouxe Gabigol, artilheiro do Brasileirão. Ao Inter sobrou Tréllez, centroavante eternamente emprestado por nunca se firmar. Como superar o drama da penúria?
Nestes pouco mais de 30 dias até a Libertadores, a única saída do Inter é se convencer de que sua grande arma terá novamente de ser a parte coletiva. Isso talvez explique o começo tão deficiente. O momento histórico impede o clube de disputar grandes jogadores no mercado. O jeito é ser mais organizado e correr mais. Para compensar a superioridade dos rivais no continente, só quando a parte física estiver 100% – algo impossível em janeiro. Se Neilton e Sarrafiore tiverem mais chances, tanto melhor nesse processo.
Só saberemos se Neilton e Sarrafiore serão acréscimos em relação aos limites de rendimento verificados em 2018 se eles, como novidades, receberem rodagem no laboratório do Gauchão. Exemplo: já se sabe até onde William Pottker pode ir. Para a Libertadores, o Inter de 2019 terá de se reencontrar com o Inter que liderou o Brasileirão – inclusive recuperando Patrick. E terá de buscar algo o algo além. Hoje, no mundo real do Inter, Neilton e Sarrafiore são a chance desse algo mais.