O trabalho de Renato na vitória contra o River foi o seu melhor como técnico nas três passagens pelo clube do coração. Não foi o melhor desempenho de um Grêmio comandado por ele. Justamente por isso considero a histórica noite de terça-feira (23), no Monumental de Núñez, sua redenção como estrategista. É mais fácil jogar bem dentro do estilo de costume, no qual os jogadores estão habituados, amparados pela rotina de repetição dos treinos diários. Muito mais difícil é riscar fora da caixa para driblar a escassez de Everton e Luan, suas maiores estrelas. Tivesse dado errado, acusariam-no de inventor.
Renato planejou tudo da forma mais intelectual possível com a comissão técnica, focado nas virtudes e deficiências do adversário. Daí a convicção ao escalar Michel. Povoou a faixa central para não deixar o meio-campo leve, hábil e movediço argentino envolvê-lo. Não se preocupou tanto com a transição por saber que Marcello Gallardo exige blitz no desarme o tempo todo, para depois partir em linha reta até o gol. Desfalcado, não caiu nessa armadilha.
Jael foi essencial na preparação da segunda bola, atalhando a transição do Grêmio desde Marcelo Grohe. A escolha das linhas de quatro, com Michel entre elas, ajudou na compactação. Com o meio bloqueado, o River tentou os lados, com Scocco e Borré, mas eles toparam com as coberturas sublimes de Geromel e Kannemann. Renato aumentou a altura do Grêmio, para se valer da ruindade aérea defensiva do River. Um nó tático no vencedor Gallardo, que com certeza tentará dar o troco na terça-feira. A Argentina viu a redenção do Renato estrategista. O River não ameaçou o Grêmio, que tirou-lhe o oxigênio até a total asfixia.