Duro voltar da folga pós-Copa e topar com uma notícia dessa. Beto Campos, técnico campeão gaúcho com o Novo Hamburgo em 2017, morreu dormindo em sua casa, em Santa Cruz do Sul, na madrugada de domingo para segunda-feira.
Puxa, ele só tinha 54 anos. Sua carreira estava engrenando, depois de anos na batalha. Após o título com o Nóia, o seu nome entrou no mercado nacional, para além do Mapituba. Cedo ou tarde, Beto receberia chance um clube de maior expressão, para além do Náutico e do Criciúma, seus últimos trabalhos fora do ambiente regional.
Conversei várias vezes com ele neste período. O Beto estava contente com os rumos que sua carreira estava tomando. Foi meu convidado no Bom Dia RS, ao vivo, na RBS TV. Curtia falar de futebol. Neste cenário nada afável e gentil da bola, em que quase todos desconfiam de todos e os fins parecem justificar os meios na ditadura do império do resultado, perder uma pessoa como o Beto é uma perda enorme.
É só conversar com os seus jogadores. Todos gostavam dele. Nos piores momentos, na fase ruim, nunca jogou pedra em ninguém ou transferiu culpas. E, mesmo diante das cobranças mais fortes, com direito aos rotineiros xingamentos (em alguns casos inaceitáveis) de arquibancada, nunca afrontou torcedores.
Também sabia ouvir críticas de jornalistas, sem entendê-las como perseguição, compreendendo as funções profissionais de cada um. Tinha humildade. É uma virtude para poucos, de quem que sabe entender como funciona e como se vive numa democracia. A crítica, e isso é preocupante, é cada vez menos aceita.
As redes sociais são um bom exemplo. Parte-se diretamente da ofensa para a resposta da ofensa com mais ofensa. Crítica mesmo? Poucas. Até porque as pessoas não a entendem. E, não sabendo comprendê-la, tomam logo como ofensa.
Beto Campos, que morreu dormindo, em casa, tinha todas essas percepções. Sua morte é algo a se lamentar muito no futebol gaúcho. Um abraço em todos os seus familiares.