Se o sinalizador tivesse sido apenas aceso atrás da goleira no espaço das organizadas do Grêmio na Arena, mesmo produzindo aquela fumaça toda, os rápidos e elogiáveis movimentos feitos pelo clube e seu departamento jurídico para identificar o vândalo resolveriam a parada por si só. Têm sido assim nos casos de sinalizadores, os mais notórios cometidos pela torcida do Corinthians. O problema foi o arremesso na direção do goleiro do Inter, Danilo Fernandes, no Gre-Nal.
O Grêmio tem feito tudo como manda o figurino e está ao seu alcance. O torcedor foi identificado imediatamente e retirado do estádio. Levado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) da Arena, encarou audiência na hora. Também na hora recebeu a sentença: proibição de acompanhar os próximos 15 jogos do Grêmio na Arena. Como ele é natural de Arvorezinha, terá de se apresentar à delegacia de Lajeado no dia das partidas.
O Grêmio foi além em seus movimentos para evitar punição de perda de mando de campo ou de jogar com portões fechados, quando for julgado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), já que o árbitro Wilton Pereira Sampaio relatou tudo em súmula. Divulgou nota oficial comunicando que o torcedor será suspenso e processado na comissão de ética do clube, portanto correndo risco até de ser expulso do quadro social.
O problema é que, no mesmo artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) em que todos esses movimentos (identificação imediata e punição do baderneiro) atenuam o lado do clube, há um parágrafo tratando os casos de "extrema gravidade". Como não tem ocorrido perda de mando de campo com sinalizadores apenas acesos, e sim multas, o Pleno pode entender que o lançamento do artefato na direção do goleiro é mais grave. Pior: que a fumaça produzida quando o sinalizador caiu na área poderia ter interferido no resultado da partida.
O árbitro não interrompeu o jogo após o arremesso do artefato. Talvez nem tenha visto. O fato é que a bola foi erguida para a área enquanto a fumaça subia nas cercanias do goleiro colorado, no último lance do Gre-Nal. Em seguida, Wilton Sampaio apitou o fim do clássico. E se fosse gol? Imagine o rolo. Se os auditores entenderem que houve risco de interferência no resultado, configurando "extrema gravidade", aí o Grêmio pode perder um mando de campo ou mesmo ter de jogar de portões fechados.
Tudo por um mísero sinalizador arremessado no gramado, quando todos sabem que é proibido entrar no estádio com eles.