O Inter não pode superestimar a estreia. O Bahia é limitado. Mas é fato: são três bons resultados seguidos, somando Gre-Nal (Gauchão) e Vitória (Copa do Brasil).
O 2 a 0 diante da equipe de Guto Ferreira veio com organização coletiva, disciplina tática e envolvimento. O goleiro Marcelo Lomba foi mero assistente. O Inter só não teve mais posse de bola pela estratégia do segundo tempo.
Como abrira o placar quase ao final do primeiro tempo, após jogada idealizada por D'Alessandro e ótimo cruzamento de Patrick na cabeça de Nico López, optou por atrair o Bahia, dando-lhe campo. Não demorou para, sem o ferrolho baiano, antes postado lá atrás com linhas baixas de cinco e quatro jogadores, o espaço florescer.
Aí a vitória veio fácil, por 2 a 0. O capitão D'Alessandro teve duas chances de ampliar, uma ainda no primeiro tempo. Nico López acertou um chutaço no ângulo, já na segunda etapa, pouco depois de o argentino desperdiçar um gol que não costuma desperdiçar. A produção ofensiva colorada, ao fim e ao cabo, poderia apontar até goleada.
Mas um detalhe essencial me chamou a atenção. Um detalhe que, se for mantido em todos os jogos, o que não será nada fácil diante de adversários mais encorpados, fará o Inter atravessar 2018 sem sobressaltos.
O Inter desarmou 23 vezes, contra apenas 15 do time de Guto Ferreira. Criou vantagem numérica para roubar a bola em todos estes 23 desarmes.
O time de Odair morde, como se diz na gíria futebolística.
O segundo gol nasce de uma recuperação de Iago na defesa, que evolui para longa troca de passes, da qual participam oito jogadores, até a finalização de Nico. Ou seja: foi por se defender com organização e denodo que o resultado restou sacramentado.
A 22 minutos do segundo tempo, um lance emblemático acerca do tema. Quatro de vermelho rosnam atrás do atacante do Bahia até desarmá-lo, no lado esquerdo de defesa do Inter. Lembrei da Copa de 2002, quando Denílson foi cercado por uma blitz turca. Só que, no caso do brasileiro, ninguém tirou-lhe a bola. Quase ao fim do jogo, Fabiano e Edenílson, dois contra um, tiram a bola do atacante baiano, quase na risca da linha de fundo.
O Inter está mostrando pegada e envolvimento. Só isso não basta, é verdade. Mas sem isso, eis uma verdade ainda maior, não se vai a lugar algum.