Não vejo nada errado no Inter proibir a escalação, por parte do Brasil-Pel, de seus jogadores emprestados, no domingo, em Pelotas.
A direção colorada paga todo o salário do lateral-esquerdo Artur e boa parte do que ganha o atacante Alisson Farias. Apenas o meia Mossoró está na folha salarial do Bento Freitas. Todos estão cedidos de graça, sem custo pela cedência.
Ponha-se no lugar de Roberto Melo, vice de futebol colorado. A quem a torcida escalpelará se o Inter empatar ou perder com gol de um deles? Além de reforçar um adversário em ótima fase, seria pagar em dinheiro pela própria desgraça, com o agravante de rasgar R$ 800 mil de multa (por cada um que entrar em campo). E tudo isso sem que haja ilegalidade alguma.
E tem uma questão ética envolvida.
Parece-me haver, ao menos: é correto um jogador enfrentar o clube que lhe paga salários ou custeia o seu empréstimo? Se Mossoró, Alisson ou Artur cometerem alguma falha, o que é do esporte, não faltará um maldoso para fazer insinuações.
Melhor preservá-los de tudo isso. No máximo, a atitude do Inter poderia ser considerada deselegância, mas nem isso me parece razoável diante do contexto.
Se o Inter não estivesse vivendo um momento de dificuldades em sua história, tentando se reerguer até o patamar que lhe é de direito, então talvez pudesse dar de ombros, convencido de que ganharia de qualquer maneira.
Não é o caso. Derrota ou empate poderiam perturbar a paz que o técnico Odair Hellmann precisa para trabalhar e remontar um time ainda em formação, sem tantas opções assim de qualidade em algumas posições.