O adversário do Grêmio na semifinal do Mundial de Clubes será o rico Pachuca, um clube cheio de investidores, afeito a compra e venda de jogadores à bordo de muitos milhões de dólares e que tenta se projetar como grande força do futebol mexicano, apesar de sua pequena torcida.
Mas, a julgar pelo que vi no Estádio do Zayed Sports City, na vitória suada, feia, arrancada à fórceps na finaleira da prorrogação sobre os voluntariosos e ruins marroquinos do Wydad Casablanca, o Grêmio só não vai à final do dia 12 se tudo der totalmente errado. Enfrentará um inimigo que terminou a partida com a língua de fora, ainda por cima.
Será preciso o Pachuca jogar muito bem.
E o Grêmio, muito mal.
Duvido muito que isso aconteça, ainda que tudo possa acontecer em futebol.
O Wydad Casablanca é um time formado só por marroquinos, à exceção do lateral-esquerdo marfinês Comara. Isso já diz tudo. Sem a bola, organização defensiva. Na hora de atacar, velocidade. O problema, no caso do Wydad, sempre foi a bola. Muita transpiração, pouca inspiração.
Mesmo o assim, o Pachuca quase se atrapalhou. Só fez 1 a 0 na prorrogação e com o Wydad já com um jogador a menos, pois o capitão Nakach foi expulso a 29 minutos do segundo tempo. Bem, mas isso não interessa mais.
O que importa agora é saber com o que se preocupar no Pachuca, a julgar pela partida deste sábado aqui em Abu Dhabi.
Quais são os pontos fortes e fracos do adversário do Grêmio na semifinal?
PONTOS FORTES
– O jogador a ser marcado é Urretaviscaya, o camisa 10. Ele não tem a grife do japonês Honda, mas é daqueles armadores que colam a bola no pé e sabem chegar à frente. Joga preferencialmente pela direita, aliás onde fez a jogada do gol salvador, um cruzamento estilo passe para Guzmán.
– O toque de bola é interessante, especialmente se Sanchez ficar no time. É um baixinho habilidoso, que empurrou Honda para um lado e Aguirre por outro, deixando o veloz Sagal (ou Jara, mais fixo) na frente. Os volantes também não são brucutus. Sabem jogar, ainda que sem a qualidade do estilo de troca curta de passes do Grêmio.
– As cobranças de falta não entraram. Mas elas são um perigo. Uma das armas do Pachuca, tanto com o japonês quanto Urretaviscaya.
PONTOS FRACOS
– Por mais que seja celebridade no clube pelo passado de glórias (saiu de campo cercado por três seguranças mexi anos), o goleiro Oscar Pérez tem 44 anos e 1m72cm, o que já diz tudo. Qualquer cruzamento é perigo de gol. E qualquer chute bem dado de fora da área igualmente. Não tem mais a mesma mobilidade.
– A zaga é lenta. Os zagueiros Murillo e Martinez explodem em câmara lenta e perdem na velocidade. O lateral-direito Herrera, a menos que tenha feito a pior partida da sua vida contra o Wydad, é horrível. Fernandinho pode se fartar.
– O Pachuca marca mal. Os meias não são solidários e abrem espaços no meio-campo. Honda não ajuda na recomposição, na condição de estrela. E Urretaviscaya não é exatamente operário na hora de recompor. Os atacantes, igualmente não trabalham muito sem a bola. Os volantes ficam sobrecarregados, e por ali Luan tem tudo para comandar a festa.
– O cansaço. Os mexicanos terminaram o jogo extenuados, com a língua de fora. A prorrogação os deixou cansados e levando contra-ataques mesmo com um jogador a mais durante uma hora. O Grêmio, ao contrário, está de tanque cheio.