Antes de tudo, deve-se salientar que foi uma grande primeira parte de final do Gauchão. O empate em 2 a 2 teve de tudo: bom futebol, drama, estádio cheio e bravura dos dois lados. O Novo Hamburgo não se assustou com o Beira-Rio, repetindo a mesma maturidade com a qual eliminou o Grêmio.
Beto Campos posicionou Amaral entre suas linha de quatro e, assim, conseguiu anular D'Alessandro sem marcação individual. Branquinho e Juninho fecharam os lados, impedindo o Inter de sair jogando com William e Uendel. Marcou seus gols na bola aérea, insistindo numa deficiência grave do Inter, mas nunca ficou lá atrás só se defendendo, e não por acaso esteve duas vezes à frente.
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O Inter foi um com Anselmo e outro sem ele. Bastou Roberson (depois Valdívia) entrar por dentro em seu lugar lá na frente, no intervalo, abrindo Nico López e Carlos, para o time se defender e atacar muito melhor. Com Anselmo, na primeira etapa, o time travou na troca de passes. Sem infiltrar, ergueu 20 bolas inóquas para a área.
Na volta do intervalo, mais equilibrado enquanto equipe, D'Alessandro cresceu, com Edenílson e Nico López pela direita. Os gols do Inter vieram por baixo, com bola no pé, que é como Zago quer montar o Inter. Quando exagerou pelo alto (fechou o jogo com 47 cruzamentos), com pressa de entrar na defesa do Noia, deu com os burros n'água. Tudo em aberto na final.
Fora do tom
Fora de contexto a entrevista do vice de futebol do Inter, Roberto Melo, reclamando pênaltis e prejuízo de arbitragem. Nada disso aconteceu.
O trabalho de Melo, nas contratações e na política de futebol, é ótimo. Mas suas entrevistas pós-jogo tem ido no caminho da tentativa de condicionar: TJD, arbitragem e mais o que vier.
Menos mal
Ainda bem que Antônio Carlos Zago reconheceu, após o jogo, que o lance da lesão de Keiller foi acidental. De cabeça quente, na área técnica, chegou a reclamar com Beto Campos que tinha sido de propósito. Não foi. Voltou atrás, corretamente, de uma acusação que seria leviana. Ficou na conta do calor do momento. Menos mal.
O Noia
Para o Noia de Beto Campos, não faz diferença alguma, Estádio do Vale ou Centenário. Se o jogo for em Munique ou Dubai, com estádio cheio ou vazio, o seu time jogaria do mesmo jeito.
É maduro e consistente. Defende-se sem retranca, marcando gols e reduzindo o impacto dos desfalques (Preto não jogou ontem) pela força coletiva. É o melhor time do Gauchão.
Defeito
Tudo bem que Keiller errou no primeiro gol do Noia. Mas é preciso dar-lhe um desconto. A bola aérea entra sempre na defesa do Inter, gerando desconfiança no goleiro. É um problema recorrente que, se não for resolvido, pode custar o hepta.
Em tempo: Ortiz e Cuesta foram bem com a bola no pé, especialmente no segundo tempo, no momento de pressão, com precisão de passe já no campo do Noia.
Drama
Além do futebol, que ainda não perdeu para a dupla Gre-Nal em cinco jogos, o Novo Hamburgo vai para a grande final com uma vantagem que, no mínimo, elimina qualquer chance de favoritismo colorado.
O drama dos goleiros do Inter muda o cenário da final. O campeão de 2017 passará por este episódio atípico. Será que houve outra decisão em que um dos times não tem goleiro para escalar?
Keiller está fora, após a luxação no cotovelo. Lomba entrou mancando para substituí-lo. Pelo jeito, os médicos tentarão escalar Danilo Fernandes durante a semana, mesmo com fratura no pé por estresse.
Zago terá de arrumar um jeito de protegê-lo, valorizando ao máximo a posse de bola, impedindo-a de chegar até ele. Como goleiros descontados, não é absurdo imaginar um jogador de linha terminando o jogo. Uma situação, desde já, histórica.