A bola aérea é questão coletiva. Tanto que dá para matar quase todo o mal pela raiz, impedindo que ele exista.
Se encurtar o espaço, o adversário terá de recuar para uma zona menos perigosa do campo. Desarmar limpamente ajuda: reduz a chance de cobrança de falta pelo alto.
Em suma: zagueiro bom é zagueiro protegido, tomando emprestado um provérbio popular.
Mas qualquer criança sabe que, em algum momento, a bola vai viajar. Nem que seja em arremesso lateral.
Aí entra a iniciativa individual, de comandar a supremacia aérea defensiva, de ir no corpo e evitar o equilíbrio correto do centroavante, de acertar o tempo da bola.
O Inter caiu também por não ter zagueiros.
Paulão e Ernando hoje passam a ideia de depressão, de levar gol com resignação. Em tempo: repúdio total a pichações e ameaças ao profissional. Não é por aí. O problema talvez não esteja neles, mas neles no Beira-Rio.
O fato é que qualquer um cabeceia na área do Inter. Perdeu-se o respeito, e este respeito precisa ser retomado.
Os jogadores do Passo Fundo erguiam bola para a área até de qualquer lugar no empate em 2 a 2 do Vermelhão da Serra. Sabiam que não precisava curva, força ou jogada ensaiada. Bastava atirá-la a esmo.
Foi assim durante o rebaixamento. Segue em 2017. Não há zagueiro do tamanho do Inter no Beira-Rio. E, sem bons zagueiros, time algum prospera, seja na A, na B ou na C.