Não são Everton e Sasha os candidatos a protagonistas do Gre-Nal, ainda que eles cheguem ao clássico mais vitaminados do que qualquer outro, após tanto sofrimento com lesões e golaços no meio da semana.
Nem os goleiros, Marcelo Grohe e Danilo Fernandes, este último capaz de defender pênalti de nariz quebrado. William ou Bolaños, caso Renato escale o equatoriano, pelo episódio da cotovelada lá atrás. Rodrigo Dourado e Walace, volantes que podem desequilibrar taticamente, garantindo vantagem numérica nesta ou naquela ação, pela capacidade de desarmar sem falta e de gerar um contra-ataque rápido.
Quem mais tem chances de ser o grande nome do Gre-Nal 411 não é canhoto nem destro. Não é volante ou atacante. Na linha de três, pela esquerda ou direita, dá na mesma. Nem estará no banco de reservas. Sequer estará na Arena. Nem jogador é, aliás.
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Meu voto para personagem do clássico deste domingo é um jornalista. Experiente jornalista, o que apenas reforça a sua importância. Chega de suspense. Agora, neste instante, revelarei o meu candidato a homem Gre-Nal, antes que você desista de ler esta crônica até o fim pelo fato de o autor alongar demais um velho recurso da escrita, que é de criar algum suspense de um parágrafo para o outro.
Benfica. Sílvio Benfica. Tite disse que o bicho vai pegar no Gre-Nal, minutos antes de anunciar os convocados para os jogos da Seleção contra Argentina e Peru. Ele tem razão. Todos os elementos à disposição apontam para um Balanço Final, programa que mantém a audiência da Rádio Gaúcha lá no alto, como se fosse bola rolando, repercutindo, debatendo e redescobrindo o Gre-Nal. O velho e bom pós-jogo. Senão, vejamos.
O árbitro é fraco. Não encontrei um só analista do apito que referendasse o alagoano Francisco Carlos do Nascimento. Os matemáticos garantem que a probabilidade de lambança é enorme. De soslaio, roubei uma troca de mensagens no grupo de ex-árbitros do Márcio Chagas. Só grandões do apito. Ele, Renato Marsiglia, Arnaldo Cezar Coelho, Leonardo Gaciba e outros que não consegui capturar de canto de olho. Todos, sem exceção, temem que a maionese desande, tanto na parte disciplinar quanto na parte técnica.
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Nenhum estado do país ama tanto resmungar e discutir arbitragem quanto a Província de São Pedro. A Copa do Brasil incendiou o Gre-Nal. O Grêmio está entre dois senhores: fazer do clássico uma guerra para ajudar a afundar o Inter, como compreensivelmente pede o coração da torcida, ou poupar titulares pensando em tirar disso alguma vantagem contra o Cruzeiro, no meio da semana. Pode acertar cravo e ferradura ao mesmo tempo, pelo bom futebol que vem apresentando e pela instabilidade colorada, é claro que pode, mas escalar força máxima não deixa de ser um risco.
Meu palpite é de mescla no Grêmio, poupando este ou aquele alegando exames de lactato padrão Fifa e músculos quase esgaçados. Poupa este, quem sabe aquele, um acolá. Força máxima sem ser máxima, para ter argumento com qualquer resultado.O Inter, em seu desespero para não experimentar a Série B, dá um passo gigante nesse sentido se ganhar na Arena.
Faltariam apenas seis pontos para a conta mágica dos 45 que salvam, e o próximo adversário é o Santa Cruz, no Beira-Rio. Concordo que, se não perder, já está de bom tamanho, pelo péssimo retrospecto fora de casa neste ano, mas ganhar este Gre-Nal se somaria ao jogo maluco diante do Coritiba como emblema no roteiro de um eventual final feliz.
Apostaria no Inter de Celso Roth adotando a a ideia do franco-atirador pragmático, buscando se apoiar em uma defesa pétrea. Se não perder, ótimo. Se um contra-ataque bem encaixado trouxer vitória, tanto melhor. Como se fosse um bônus. Se der tudo errado, sob sua ótica, e o Grêmio vencer, ainda restará o caminho do Beira-Rio para exorcizar o Z-4: Santa Cruz, Ponte e Cruzeiro.
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Árbitro pereba, mistérios como há muito não se via de parte a parte e elementos emocionais dramáticos: um ameaçado de rebaixamento, o outro às voltas com um Gre-Nal no meio da reta final para sair da fila de 15 anos sem título. As explicações, com ou sem conclusão, para este leque infindável de variáveis, apimentadas pelos episódios de campo, desembocarão no pós-jogo.
O pós-jogo, neste domingo, é mais importante do que o jogo. O charme virá depois de a bola rolar. O Sílvio Benfica terá de se movimentar com intensidade, marcação alta, box to box, atendendo a todos os lados da rivalidade, contemplando vozes e mais vozes nos vestiários para não deixar a peteca cair. Será com ele o balanço do Gre-Nal 411.