O que era para ser solução virou problema. Sábado de sol, estádio lotado com quarenta mil torcedores decididos tão somente a ajudar o time na hora difícil, adversário lanterna e desfalcado com salários atrasados, gol de Vivinho logo a seis minutos de jogo. Estava escrito o roteiro da salvação do inferno.
Com 40 pontos, o Z-4 viraria miragem para quem já esteve oito pontos afundado na zona e, com a vitória, livraria quatro de vantagem. Uma recuperação de oito pontos que, conforme apurei nos bastidores, levaria o Inter a cogitar força máxima contra o Atlético-MG, em BH, na volta da semifinal da Copa do Brasil.
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O trem estaria definitivamente nos trilhos após tanto esforço para recolocá-lo no rumo. Então, o inexplicável. A vitória fácil virou empate e quase derrota, não fosse o Santa Cruz errar a bola do jogo no finzinho. O jogo de sábado me lembrou aquele com o Bragantino, em 1996. O aproveitamento do Inter contra os times do Z-4 foi de 29% este ano. Parece medo de ser feliz.
A tendência é, na próxima rodada, o Inter perder para o Palmeiras, em São Paulo. Em Salvador, o Vitoria enfrenta o Atlético-PR, que não ganha de ninguém fora de casa. Ou seja: é grande a chance de voltar ao Z-4 faltando quatro jogos para o fim. Terá de vencer Ponte e Cruzeiro em casa, oponentes complicados, e rezar para a pontuação de Série B cair. Eis a dimensão do problema que o Inter inventou para si mesmo quando bastava chancelar a solução.
Antes de Leo Moura empatar, a 32, e de Eduardo Henrique deixar o time na mão (e também a Celso Roth: ficou difícil de o técnico abrir o time com um a menos) ao ser expulso a 42 minutos, o Inter somava seis finalizações contra nenhuma do Santa Cruz. Tinha relativo controle do jogo. Digo "relativo" porque houve flagrante relaxamento após o gol de Vitinho. Este foi o pecado, antes até da inferioridade numérica. O Inter deixou de definir alguns lances por preciosismo.
A marcação afrouxou. O estado de alerta se perdeu. Se Leo Moura não aparasse o cruzamento de Vitor, o gol seria de Grafite. Quem teve de correr para marcar Vitor, livre, foi Vitinho. Não parecia decisão, e sim o campeão cumprindo tabela.
Com um a menos, tendo de sair para o jogo, o Inter deixou espaços entre suas duas linhas de quatro. No segundo tempo, só duas chances claras, com Aylon, de cabeça, e William. O foco no mutirão contra o Z-4 se perdeu na certeza de que tudo se resolveria naturalmente.
Nada é natural na situação em que está o Inter.
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