Luciano não é mau jogador, mas parece acanhado no Grêmio. Parece que, ao ver Maicon tocar na bola com requinte de escultor, ao ver Matheus Henrique ziguezaguear pela intermediária, ao ver Jean Pyerre batendo na bola como se desse uma tacada de sinuca, parece que, ao ver tudo isso, ele acha, instintivamente, que tem de fazer igual.
Mas ele não sabe fazer igual.
Aí ele erra e fica mais ansioso, e essa ansiedade faz com que erre de novo e de novo fique ansioso.
Luciano talvez nunca tenha jogado, no Grêmio, como sabe jogar. Ele não é centroavante, nem meia. É um atacante que entra na área em diagonal para concluir.
Ele não se adaptou.
Por isso, a troca por Everton, do São Paulo, será boa para todo mundo: para Éverton, para Luciano, para o Grêmio e para o São Paulo. É um negócio que lembra muito o modelo "troca-troca" instituído por Francisco Horta no Fluminense dos anos 70. Com trocas ousadas, ele construiu o maior time do Fluminense de todos os tempos, com Rivellino, Paulo César Caju, Edinho e Doval, entre outros. O Grêmio de hoje tem jogadores para fazer o mesmo.
Luciano vai respirar novos ares e Éverton se encaixará bem como alternativa a Pepê. Ele sabe jogar por aquele lado e tem mais técnica do que Luciano. Além disso, tem mais de 30 anos, é “cascudo”. Renato gosta dos cascudos.