Depois de ouvir o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, no Timeline desta quarta-feira, fiquei em dúvida se Bolsonaro tem sorte ou azar, se é competente ou incompetente. Porque Teich não é bom; ele é muito bom. Tem conhecimento técnico, tem ideia do que fazer e tem ainda outra vantagem importante, que lhe dá superioridade inclusive sobre Mandetta: não é político. Teich tinha um plano para lidar com a pandemia, no Ministério da Saúde. E saiu depois de um mês no cargo.
Quer dizer: Bolsonaro teve méritos ao escolhê-lo e deméritos ao perdê-lo.
Na entrevista, Teich jogou luz sobre o problema da pandemia, demonstrando, com argumentos límpidos, que muito do que está sendo feito, nos últimos quatro meses, está sendo feito mais por politização do que por convicção científica. E isso vale para todas as lideranças do país, de Bolsonaro aos prefeitos que lhe fazem oposição, passando por governadores amigos ou inimigos.
Fechar ou abrir, lockdown ou distanciamento controlado, Cloroquina ou oxigenação desde os primeiros dias, qualquer medida deveria ser tomada com critérios que levassem em consideração as realidades distintas do país, do Estado e da cidade, que fosse baseada em informação colhida dentro de cada comunidade.
Sem informações, sem orientação do governo central, sem certeza do que fazer, governadores e prefeitos foram fazendo, tentando acertar, mas agindo às cegas.
Se Bolsonaro fosse menos açodado, mais racional e, sobretudo, se ele desse menos importância ao debate ideológico, talvez Teich pudesse ter permanecido para por em prática seus planos. Talvez o país estivesse passando por um estágio mais brando de toda essa crise. Mas Bolsonaro é quem é. É Bolsonaro. E, sendo assim, nem a sorte pode ajudar.