A cada sexta-feira o governo do Brasil protagoniza um escândalo. Nessa sexta foram três. O primeiro foi a nota exagerada, agressiva, anacrônica e equivocada do general Augusto Heleno. Ao afirmar que o pedido de apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro poderá ter “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, o general está claramente fazendo uma ameaça. O que, por si só, já é um absurdo autoritário que mereceria punição. Mas a manifestação do general demonstra também o seu desconhecimento do rito judicial, porque o ministro Celso de Mello, do STF, não mandou o presidente entregar o celular: ele apenas enviou o pedido à Procuradoria Geral da República, como determina a lei.
O segundo escândalo foi a confissão de Bolsonaro, no vídeo da reunião ministerial divulgado nesta sexta-feira (22), de que pretendia interferir na Polícia Federal a fim de proteger sua família e seus amigos.
O terceiro, e mais preocupante, é a demonstração de que o presidente e seus auxiliares não sabem como funciona a República. Bolsonaro simplesmente não tem ideia de quais são seus limites institucionais ou constitucionais. Ele realmente acredita que pode trocar postos da Polícia Federal para beneficiar seus familiares. É uma crença dele, ele acha que está certo.
Esse é um drama brasileiro. A juventude da nossa democracia faz dela uma desconhecida até para seus líderes.
Três escândalos, portanto.
E o que acontecerá, por causa deles?
Nada. Ou, por outra, o bolsonarismo sairá fortalecido. A linguagem arbitrária da nota de Augusto Heleno e a linguagem grosseira da reunião ministerial encherão de júbilo os apoiadores do presidente. Porque é isso que eles querem. Eles querem essa arbitrariedade e essa grosseria. Eles querem esse escândalo.