Preciso dizer que estou aqui para defender Paolla Oliveira e Scarlett Johansson.
Nada é mais urgente, depois das ocorrências dos últimos dias, do que me juntar às duas na mesma trincheira, nós três lado a lado, lutando com denodo, meus ombros cansados tocando nos ombros macios delas, eu lhes acalentando com palavras tranquilizadoras, tipo:
– Deixem comigo, beibes, que tomo conta de vocês.
É que, não sei se você sabe: elas fizeram aparições públicas dentro de trajes de banho, dias atrás, e foram criticadas nas redes (sempre as redes) por suas respectivas formas físicas.
Paollinha apareceu no encerramento da novela das nove, saltitante e rodopiante de alegria com seu par romântico em uma praia deserta. Vestia um maiô que o vulgo chamaria de “atochadinho”. Os comentaristas da Internet disseram que ela está gorda e tem celulite.
Scarlettinha apareceu também em uma praia, que certamente se localiza em algum lugar do Sul do mundo, porque no Norte faz frio. Vestia um tipo de biquíni muito apreciado pelas americanas, grande, azul-claro, frouxo que nem uma cueca velha que o Jorge Barnabé dizia que era a sua cueca da sorte. A cueca do Barnabé estava toda molambenta e desengonçada. Um dia, a mãe dele jogou-a no lixo e aí o Inter formou o seu time dos anos 70. Colorados, agradeçam à mãe do Jorge Barnabé.
Pois bem. O biquíni de Scarlett era igualzinho à cueca do Barnabé, mas os comentaristas da Internet não falaram dele. Falaram do seu conteúdo. Disseram que Scarlettinha está barriguda e tem celulite.
Por favor!
POR FAVOR!
Para começar, entenda que celulite depende da luz, do ponto de vista do observador e até da disposição da mulher em escondê-la ou expô-la. Scarlett estava num momento relax, pouco se lixando para gordurinhas localizadas. E, se você é homem, saiba que homem que é homem não reclama de gordurinhas localizadas. Pense em Scarlett dentro do macacão justo que usa quando se torna a Viúva Negra e descobrirá que, se ela lhe der uma boa olhada com os olhos de Capitu que tem, você cairá de quatro e sairá arfando atrás daqueles calcanhares besuntados diariamente com Creme Nívea.
Talvez Paolla mudasse o destino do Brasil.
Você seria um escravo de Scarlett, biltre.
Agora, Paolla. Ela é dona de uma beleza antiga. Poderia ser uma daquelas famosas vedetes do passado, como Virginia Lane, que era cobiçada pelo Brasil inteiro por suas pernas robustas, pernas de lateral-esquerdo apoiador. Virginia foi amante de Getúlio Vargas por cinco anos. Na época, negava. Depois confirmou e até revelou intimidades como: “Getúlio não era grande coisa na cama, mas beijava muito bem”.
O que Getúlio faria, se visse Paolla, que é possante como uma vedete e ainda observa o mundo com uns olhos de tristeza molhada, como se estivesse sempre à beira das lágrimas? O que faria Getúlio, se Paolla lhe desse bola, como lhe deu Lane? Talvez adiasse a sua saída da vida para entrar na história. Talvez Paolla mudasse o destino do Brasil.
Deixem, pois, Paolla ser como é. Porque, com seu tipo físico clássico, ela prova que a estética depende da cultura. Paolla Oliveira é mais do que uma mulher; é um experimento social.
Viva Paolla!
Viva Scarlett!
Deixem comigo, beibes, que tomo conta de vocês.