Renato sabe muito. Sabe mais do que eu, o que é fácil, mas também sabe mais do que dezenas de analistas de futebol e milhões de torcedores do Grêmio. Foi Renato quem insistiu com Fernandinho na ponta-esquerda e foi Fernandinho quem abriu a vitória do Tricampeonato da América, arrancando feito um trem-bala do campo de defesa, deixando todos os adversários para trás e chegando à área para mandar um bazucaço no ângulo. Era o 1 a 0.
Mas Fernandinho fez mais do que isso. Foi solidário, compenetrado e intenso. Um dos melhores em campo.
Mas ninguém foi melhor, ninguém poderia ser melhor do que o craque: Luan. O gol de Luan foi uma obra-prima, coisa de virtuose, de Rembrandt, de Leonardo, de Rafael. Não. Melhor: coisa de Pelé, de Zico, de Rivellino. De Renato.
Luan, no gol, demonstrou uma calma incompreensível. Como pode um jogador dominar a bola com aquela naturalidade e avançar quase bocejando, quase de mão no bolso, quase sem pressa, entrando na área, driblando o zagueiro e, diante do goleiro que crescia em sua direção, simplesmente dar um toquinho por cima para que a bola entrasse macia dentro do gol? Como pode?
Só quem sabe muito. Luan sabe. Renato sabe. Arthur sabe.
Arthur é Xavi, é Iniesta, é Valdo, Arthur assenhoreou-se do meio-campo e jogou como um veterano. Mas Arthur se machucou no fim do primeiro tempo. No começo do segundo, saiu. Entrou Michel. E o Grêmio perdeu aquela fluência no meio-campo, e o Lanús foi para cima e, de repente, o pênalti. Pênalti contra o Grêmio.
O Lanús podia repetir o que fez contra o River, havia tempo para isso, mesmo que o Grêmio lutasse, e como lutava. E então... Ramiro foi expulso. E Bressan se lesionou. E Thyere teve de entrar. Será que o Lanús repetira sua façanha?
Dias atrás, Renato disse:
— O Grêmio não é o River.
Não é. O Grêmio mostrou. Renato mostrou. Renato é o único brasileiro do planeta campeão da Libertadores como jogador e como técnico. Renato sabe muito.