O Japão foi assolado por uma sucessão de fenômenos naturais devastadores em março de 2011. Primeiro, foi um terremoto de 9º na escala Richter. Em seguida, tsunami, a fúria do mar em ondas gigantes que matou milhares de pessoas na costa leste japonesa. Não bastasse tudo isso, ainda houve a crise de Fukushima, uma usina nuclear à beira do mar atingida pelos tremores de terra e por ondas enormes, provocando o vazamento de radioatividade.
Em Tóquio, a capital do país com milhões de habitantes e a dezenas de quilômetros da usina, técnicos com roupas brancas e máscara examinavam pedestres usando um contador Geiger (equipamento que mede a carga de radiação). A cena era assustadora e, para alguém não acostumado com isso, até dantesca. Eram pessoas em trajes brancos que cobriam todo o corpo (a cabeça, inclusive) passando um equipamento em você. Eu só havia visto em filmes de ficção científica.
O assunto voltou a algumas rodas de conversa por causa de uma série de televisão, em um canal de streaming, que rememora os momentos da crise em Fukushima.
Para quem reside no Brasil, é pura ficção também na nossa realidade. Primeiro, o Brasil não está numa região onde as placas tectônicas se encontram, no fundo da Terra. O choque dessas placas é a razão dos terremotos. Ou seja, a chance de um terremoto de grande impacto aqui é zero. As ondas gigantes são provocadas por terremotos. Logo, não teremos tsunami na nossa costa banhada pelo Oceano Atlântico. Nosso país possui apenas duas usinas nucleares — ambas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Por outro lado, existem aqui 219 usinas hidrelétricas, além de 425 pequenas centrais de produção de energia pela força da água.
O Japão é um país com território pequeno e depende da energia gerada por uma usina nuclear. Com características tão diferentes, nossos problemas aqui são outros. E muitos.