Um dos anúncios comerciais de uma das empresas de apostas afirma que o usuário, se acessar o site e se registrar vai "se divertir". Não precisa pensar muito para deduzir que trata-se, sim, de aposta. Diversão é uma possível consequência da aposta.
Apostar pode também resultar em infelicidade, se o apostador perder. Negócios só existem porque existe demanda. Logo, tem muita gente disposta a jogar dinheiro em uma chance de acertar ou errar.
A demanda é tão grande que existem no Brasil quatro mil casas de apostas. Quem conhece a jogatina, sabe que a prática vicia — bingos, máquinas caça niqueis, cartas, rinha de galo.
Apostas não são proibidas no Brasil? É a pergunta que, naturalmente, nos fazemos. Desde 2018, escorados num decreto do presidente Michel Temer, sites de apostas esportivas são permitidos. Não existe, porém, qualquer tipo de regulamentação que preveja, por exemplo, punições a empresas por eventuais más práticas.
Bingos são proibidos desde 2004. Na época, o então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que decretava o fim desse tipo de jogo de azar. Foi uma forma de responder a acusações de irregularidades relacionadas a Carlinhos Cachoeira, que era dono de uma rede. A proibição foi executada por medida provisória. De lá para cá, muitas coisas aconteceram — inclusive, os "empresários" migraram para outras operações.
Atualmente, operam no Brasil 4 mil sites para apostas - dado revelado pelo próprio presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), que representa o setor, em reunião da subcomissão da Assembleia Legislativa que debate o tema. Ele ainda afirmou que, hoje em dia, qualquer um pode fazer plataforma semelhante com um investimento inicial de R$ 40 mil.
O servidor que hospeda o site pode estar em qualquer lugar, inclusive fora do Brasil, para driblar algum eventual questionamento jurídico — hospedar servidor no Exterior é prática disseminada entre várias outras páginas da web. Os sites também exploram a comodidade de o usuário apostar de casa, em vez de se enfurnar em salas esfumaçadas.
Os portais de apostas movimentam até R$ 150 bilhões por ano, de acordo com levantamento do site BNL Data usado pelo jornal O Globo. A estimativa é que o Brasil deixe de arrecadar até 15 bilhões por ano ao não taxar a prática, então, o governo federal poderia começar a fazer isso. A União impõe impostos pesados sobre qualquer negócio, então, seria uma grande forma de obter muito dinheiro dessas empresas e enquadrá-las em regras de mercado que valem para outros setores.