O Brasil foi engolfado por uma convulsão social em junho de 2013. Começou com o protesto pelo preço da passagem de ônibus e foi reunindo grupos diferentes com suas insatisfações particulares. Os manifestantes não precisaram ser convocados, mas havia as mensagens por redes sociais para unir a turma. As marchas, as jornadas de junho, como foram chamadas depois, juntaram até gente que protestava contra um projeto de lei sobre o qual não se tinha conhecimento massificado.
Era um tipo de protesto diferente dos demais – não tinha um ou dois representantes. O “poder” estava diluído. Em Porto Alegre, o ponto de encontro era o largo da prefeitura. A marcha percorria ruas do Centro e, em geral, parava na frente do prédio onde morava o prefeito à época, José Fortunati. Os manifestantes, então, tomavam destinos como o Largo Zumbi dos Palmares e o Parque da Redenção. Ali, uma parte dos participantes, muitos vestidos de preto, seguia Avenida João Pessoa abaixo, destruindo contêineres de lixo, quebrando vidraças de salas comerciais e incendiando pneus. Só a Brigada Militar conseguia conter os chamados black blocs.
As marchas de junho de 2013 se espalharam pelas capitais brasileiras. Em Brasília, os manifestantes chegaram a tomar o prédio do Congresso Nacional. Uns dias depois, com o encerramento das manifestações e ainda assustada com a adesão, a então presidente Dilma Rousseff anunciou um pacote com cinco medidas que atendiam, em parte, às demandas das ruas. Mais tarde, Dilma não colocou as medidas em prática, o que ajudou a manter a tensão.
As jornadas de junho estão sendo rememoradas em um podcast narrado pelo jornalista Paulo Rocha, da Rádio Gaúcha, e produzido por Eduardo Rosa e Pietro Meinhart, de GZH. O podcast Junho Sem Fim se encontra em GZH e em todas as plataformas de áudio. É um documento completo que recupera os principais personagens daquelas semanas que sacudiram o Brasil.