Um dos mandamentos da administração privada diz que se você cair sete vezes, precisa se levantar oito. É um recado sobre a necessidade de insistência e que não existe caminho fácil na administração do negócio.
Marcelo Dietrich, dono da empresa Doctor Clin, falhou mais do que sete vezes. Foram 15 anos de prejuízo financeiro até o plano de saúde, hoje um dos maiores do Rio Grande do Sul, dar certo.
Ele começou o negócio em 1996, tendo um carro Pálio caindo dos pedaços e hoje, aos 44 anos, possuiu uma caminhonete Volvo. A ascensão do tipo de veículo sintetiza como o negócio evoluiu.
Mas o bom desempenho nos negócios foi cercado de percalços. Certa vez, diante da penúria para conseguir pagar salários aos funcionários, vendeu o próprio carro, pois nenhum banco oferecia mais crédito para a ele. Antes de 2011, um técnico que avaliou as finanças da empresa recomendou a falência definitiva.
Apesar do gigantismo da Doctor Clin, com mais de 600 funcionários e receita de R$ 120 milhões em 2022, Marcelo mantém uma rotina simples e peculiar para um dono de uma empresa, um CEO (Chief Executive Officer). No porta malas do carro - o Volvo - ele carrega uma prancha de surf.
- É o meu remédio - diz ele.
Faça chuva, faça sol, calor ou frio, pelo menos uma vez por semana, ele viaja de Novo Hamburgo até o litoral para surfar. Ao contrário de muitos donos de negócio, nunca usou terno e gravata, mas tem noção de se vestir bem. É uma maneira de evitar a formalidade que não condiz com ele.
A Doctor Clin começou a ter lucro quando o empresário parou de repetir fórmulas fracassadas, como achar que o plano deveria se espelhar na concorrência. Há quase 12 anos surfando a onda dos bons negócios, Marcelo Dietrich se prepara para uma etapa diferente da Doctor Clin: construir um novo hospital numa região carente de leitos, o Vale dos Sinos. Trata-se de um caso de insistência pessoal que rendeu frutos para o coletivo.