Ao longo da história, houve uma série de transformações que sobressaltaram as pessoas e demoraram para se acomodar no dia a dia da sociedade. A tipografia, que permitiu a impressão de livros; a revolução industrial, que teve, no início, uma resistência enorme e depois se mostrou fundamental para o desenvolvimento, e tantas outras.
Poucas destas revoluções conseguiram provocar tamanho alvoroço como a internet. Com ela, surgiram as redes sociais, que não são, em absoluto, um evento passageiro. Sobre redes tem-se falado bastante, principalmente contra, e não é sem motivo. Entre tantos problemas, as pessoas ali são de uma aspereza chocante.
Não se pode deixar com o Estado a autonomia para intervenções nas redes
Ocorre que, por mais problemas, críticas e detratores que possam surgir, se a história seguir o seu curso e o seu padrão, em breve vamos estar acostumados com todo este burburinho que as redes provocam. No meio do caminho, reputações são machucadas, campanhas são manipuladas e informações falsas são propagadas em escala industrial. O antídoto mais imediato para isso (porque o fenômeno tende a se agravar com as deepfakes, mentiras tão bem construídas com a ajuda de computadores) é a imprensa profissional.
Agora que o material mentiroso feriu muita gente, o governo Lula quer “regular” as redes. Mas não é o presidente que deve ter a obrigação de se preocupar com isso. Aliás, um presidente costuma ter coisa de sobra com que se preocupar. E se a fake news for a favor do político no poder, qual será a postura do governo de plantão? E se for contra? Terá um governante isenção suficiente para tomar a frente deste debate?
Nesta nova onda regulatória, houve até o lançamento de uma plataforma digital para rastrear fake news, já que mentiras são um grande mal nas redes. Grande e já se pode dizer que antigo. Há mais de cinco anos, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral ministro Luiz Fux manifestava preocupação com informações falsas nas redes que poderiam transtornar a eleição de 2018. De lá para cá, o fenômeno cresceu, mas, ainda assim, não se pode deixar com o Estado a autonomia para intervenções nas redes. São as plataformas e os usuários que devem fazer uso mais adequado do instrumento e, com isso, encaminhar as soluções.