Projetada para ter 4m10cm de altura em relação à água, a recém construída ponte do Guaíba tem 3m66cm, ou seja, 44cm a menos, num trecho de 200 metros que liga as ilhas do Pavão e dos Marinheiros. É o famoso barato que sai caro, ou melhor, o caro que saiu menos caro. A nova ponte custou ao todo mais de R$ 700 milhões.
Essa diferença de tamanho foi notada pelo repórter da Rádio Gaúcha Jocimar Farina, em março de 2019, e prontamente rechaçada pelas autoridades. Agora, a Controladoria Geral da União (CGU) atestou, em um relatório de 76 páginas, o rebaixamento e pediu que os culpados sejam apontados. E que o erro não se repita.
É um jogando a batata quente no colo do outro. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) gaúcho colocou a previsão da ponte mais alta (equivalente ao nível da água na grande enchente de 1941) ainda no projeto original, que acabou não sendo seguido pela construtora.
A nova ponte do Guaíba foi construída sob supervisão de uma empresa que fiscaliza a construção. Quantas obras no Rio Grande do Sul têm o privilégio de serem monitoradas? Ninguém viu que a construção era rebaixada e ali se aplicavam milhões de reais de dinheiro público. O risco com a ponte mais baixa é passarmos por um problema antigo: quando chove demais na região do Delta do Jacuí, a pista ficar alagada. Ora, alguém do Dnit ou da empreiteira precisa vir a público explicar a trapalhada, porque, afinal, trata-se de dinheiro público em obra de máximo interesse público.